His Dark Materials: Fronteiras do Universo – 2×04: Tower of The Angels

Estamos na metade da temporada oficialmente, e que midseason foi esse! Com certeza o melhor episódio até agora, com um ritmo quase perfeito e muita, mas muita informação e que exige cuidado. Tanto que muitos diálogos são exatamente iguais aos do livro. Mas mesmo assim sinto que algumas pequenas coisas que foram deixadas de fora poderiam ter contribuído para a narrativa. Vamos afinal falar bastante sobre ela, a dita cuja faca sutil, e talvez um pouquinho sobre anjos.

A direção ficou com Leanne Welham, assim como o anterior, e o roteiro foi novamente escrito por Jack Thorne, dessa vez em parceria com Namsi Khan. Jo Smyth parece ter encontrado um equilíbrio para a montagem do episódio. Algumas cenas ainda são cortadas precocemente na minha opinião, mas isso é dosado um pouco melhor e as cenas possuem uma conexão muito melhor para que essas transições rápidas aconteçam, afinal o episódio possui uma temática, então o que acontece no núcleo de Will (Amir Wilson) e Lyra (Dafne Keen), reflete o que Lee (Lin-Manuel Miranda) e Jopari (Andrew Scott) estão conversando, e, se algumas curtas falas do livro também tivessem entrado, a ligação com o núcleo de Mary (Simone Kirby) teria ficado mais forte.

O episódio como um todo funciona muito bem na verdade. Foi inteligente incluírem o encontro de Stanislaus Grumman/John Parry aqui, já que sua identidade não é uma grande revelação, ele serviu para somar conteúdo ao assunto do episódio. 

Nosso elenco segue incrível. Amir Wilson pôde mostrar suas habilidades em cenas de ação, temos finalmente a estreia oficial de Andrew Scott como Stanislaus Grumman/John Parry e Phoebe Waller-Bridge como sua daemon, Sayan Kötör (sim, Fleabag e Padre Gato se encontram novamente) além da rápida, porém intensa, participação especial de Terence Stamp como Giacomo Paradisi.

Eu gostaria de poder mencionar o nome da dubladora de Sayan e de outra personagem que temos a voz nesse episódio, mas não consegui reconhecer as vozes de cabeça. O fandom ainda não atualizou as páginas sobre a dublagem da segunda temporada e a digníssima senhora HBO não deu os créditos para os dubladores do episódio, nem como áudio ao final do episódio, nem com telas extras no HBO GO. Se realmente isso não tiver sido feito fere o direito moral dos dubladores que trabalharam na obra e tem direito de terem seus nomes nela. Então, vamos parar com essa vacilação, HBO.

Antes de tudo, precisamos falar sobre a voz que começa o episódio. É a mesma que começa o primeiro episódio da temporada e eu acabei não mencionando por ter passado batido por mim, que só queria ver logo minhas crianças. Mas, assistindo aos vídeos da Kat Barcelos ela mencionou que nos créditos se tratava de Xaphania (Sophie Okonedo). E quem é Xaphania? Eu mesma não lembrava, faz pelo menos 10 anos desde a última vez em que tinha lido os livros, mas com uma rápida pesquisa descobri quem era. Ironicamente, ações e falas de Xaphania são o que mais me lembro do último livro, quando a personagem aparece, mas eu não lembrava seu nome e sua aparência. Ela vem nos falar então sobre a faca sutil. Conta-nos sobre sua feitura, sobre os filósofos da Guilda e sobre o portador, quando vemos uma estátua de mão dourada, mais um famoso foreshadowing, mas esse para algo mais próximo do que os outros.

Depois de criado esse instrumento tão poderoso, os filósofos começaram a fazer experimentos. Com isso descobriram que poderiam atravessar para outros mundos com ela e passaram a roubar coisas, tal qual gralhas, por isso Citagazze é a cidade das gralhas. Durante outros experimentos é que eles próprios acabaram libertando os espectros naquele mundo, situação que piorou quando Lorde Asriel (James McAvoy) abriu sua anomalia.  Mas foi no momento em que ela disse que nas mãos certas a faca poderia salvar todos nós e Will aparece na tela que eu dei um sorrisinho.

O objetivo de nossos dois protagonistas é claro: eles precisam pegar a tal faca e levar para Boreal (Ariyon Bakare). A faca com a qual vamos fingir que Will não vem tendo visões desde o primeiro episódio e nem já foi explicado no trailer da temporada o que ela faz. Depois de algum tempo procurando a entrada da torre, que não é nem um pouco acessível, e Pantalaimon (Kit Connor) comentar que o lugar lembra a cripta de Jordan, os dois entram e vemos um espectro sentindo Will novamente.

Lyra tenta ir à frente por ser a culpada de estarem naquela situação, mas Will consegue se colocar com mais autoridade, ele vai decidir como abordar a situação. A torre está vazia, mas têm salões, uma espécie de capela e bastante ouro, a vimos em sua glória na introdução do episódio e agora em decadência.

Eles encontram um senhor amarrado que se apresenta como Giacomo Paradisi, o portador, e que diz que a faca foi roubada por um garoto no andar de baixo. O tal garoto aparece e, se juntarmos Angélica (Bella Ramsey) impedindo Paola (Ella Schrey-Yeats) de falar sobre Tullio (Lewis MacDougall ) no primeiro episódio e depois ela vendo alguém na torre, esse garoto é Tullio, irmão da Angélica, e ele claramente não está bem, mas quem estaria quando se está sendo perseguido pelos espectros?

Ele corta uma peça de ouro, todos ficam impressionados e Will enrola uma corda na mão, pois como um bom boxeador, ele quer proteger as mãos antes da briga. A luta acontece, e no decorrer, Tullio corta um pedaço da corda e leva junto dois dedos de Will. Quando Giacomo vê isso, diz para Will lutar. Will vence, pega a faca, Tullio foge, mas nosso protagonista em choque, acaba desmaiando.

Quando acorda o garoto se depara com um belo copinho de conhaque de ameixa porque anestesia mesmo, não vai ter. Giacomo sabe de muita coisa, ele tem exatamente os mesmos dedos cortados, explica que isso define o portador e diz com todas as letras “Will, você é o portador da faca sutil”. Me arrepiei todinha.

Então ele dá uma explicação que precisa ser rápida, embora não saibamos por que. Descobrimos que a faca tem dois gumes, um que pode cortar qualquer coisa e até matar espectros – no livro ela os afasta por si só – que Lyra reconhece como igual à lâmina de seccionar em Bolvangar, e sim, a faca pode cortar o elo entre humanos e daemons.

Will não parece sentir tanta dor no momento, mas sem dúvida sua cabeça está bem cheia. É muita coisa para ele, que só tinha ido ali pegar a faca para trocar pelo aletiômetro, e agora essa responsabilidade cai do céu, porém não questiona nada, talvez por já sentir a ligação, mas senti falta de certa resistência dele em aceitar ser o portador. No livro Will diz várias vezes que não quer ser o portador e Giacomo responde que ele não tem escolha, a faca o escolheu, a mutilação é um sinal do poder e das consequências dessa tarefa.

Não é fácil para ele aprender a usar o objeto. Pan acaba fazendo carinho em sua mão – algo que vou comentar melhor mais para o final do texto – e Lyra divide com ele a experiência de ler o aletiômetro. É preciso ignorar todo tipo de pensamento e dor para chegar ao estado mental certo, então, depois de Lyra e Mary aprenderem isso, é a vez de Will.

Gostei da representação das aberturas como linhas e cada linha levar para um mundo, não tenho certeza quanto a série, mas no livro, por conta da anomalia de Asriel , Will só consegue abrir janelas para seu mundo e Citagazze. O modo de fechar também ficou bonito, como um feche, algo delicado. No livro é mais como fechar uma cortina.

Will fica um pouco feliz, o que me irrita um pouco. Tudo bem, ele conseguiu, mas não tem nada para se ficar feliz naquele caos. Giacomo termina seus ensinamentos com as regras do portador. 1) Se abrir uma janela, precisa fechar. 2) Não deixe outra pessoa usar a faca. 3) Não use a faca para propósito vil. 4) Guarde segredo sobre a faca, a mantenha segura. Depois, parte para morrer sozinho. Bom, claramente alguns portadores não obedeceram às regras, visto as janelas abertas, talvez esquecidas em momentos de desespero ou apenas descaso?

No geral, gostei muito do momento, mas ainda prefiro como é no livro, já que a surpresa da faca e sua ligação com Will ficam em segredo até o último segundo e quem lê fica tão confuse quanto o garoto.

Quando estão indo embora, Will vê pela primeira vez um espectro, mesmo que não veja direito, mas é oficial, Will é um adulto. O espectro em questão tenta atacar Giacomo, mas como o idoso se envenena antes, acaba indo embora. Nesse momento é quando vemos melhor os espectros e eu sempre os imaginei mais como coisas, mas já tinha percebido que a série daria uma vibe de dementadores para as criaturas. Segundo o HBO Extras, a produção tentou fugir disso, mas acho que não conseguiram muito, mesmo não tendo deixado os monstros com muita forma humana, aquele tipo de trapo já remete aos dementadores.

E um detalhe interessante deixado de fora da adaptação: quando as crianças estão indo embora, Giacomo diz “vocês vieram aqui com um propósito e talvez não saibam qual é esse propósito, mas os anjos que os trouxeram até aqui sabem.” Ao que posteriormente Lyra diz “E que história é essa de anjos?” Mais tarde no episódio isso faria mais sentido, assim como vai fazer nesse texto.

Will decide tomar um banho, porque ele merece, e sua ferida continua sangrando e doendo. Lyra e Pan entram, tal qual Roger (Lewin Lloyd) e Salcília (Eloise Little) no episódio final da primeira temporada, de costas, para terem uma conversa e ela decide deixar nas mãos de Will o que fazer e ele quer roubar o aletiômetro, já que entregar a faca está longe de ser uma opção agora.

No mundo de Lyra, Lee e Hester (Cristela Alonzo) terminam de subir o rio e seguem a pé. Hester não para de falar, mostrando como a mente de Lee está agitada, além de ele estar coberto de mosquitos, quando na verdade, naquela época do ano, aquele lugar deveria estar congelado, mas graças à anomalia de Asriel, não está. Sayan Kötör os acha e guia pelo resto do caminho, ela que nunca fala nos livros e quem Lee imagina ser um daemon de feiticeira. 

Lee finalmente acha o Stanislaus Grumman/John Parry, mas ele pede para ser chamado de Jopari, então é assim que eu vou chama-lo daqui em diante inclusive, e caso alguém não tenha sacado, Jopari é John Parry, mas adaptado à língua da tribo onde ele está. Jopari revela que convocou Lee, aquele homem misterioso no episódio anterior era ele. Lee não acredita, mas recebe um anel que era de sua mãe e fica muito confuso.

O aeróstata pergunta do objeto que pode proteger a Lyra e Jopari fala sobre a faca e o que ela é capaz de fazer, basicamente um telecurso para complementar a introdução de Giacomo. Ele conta que o nome da faca é Æsahættr – esse nome só é dito depois no livro, e como pode ser um spoiler do que pode vir mais a frente, não vou dizer o que significa.

O xamã explica que quer levar a arma para Lorde Asriel, para a grande guerra que ele mencionou na temporada passada. Ele é aquele tipo de personagem que fala mais do que sabe, mas mesmo assim comenta sobre a missão do portador, seria a profecia da Lyra ou outra coisa? E fala da guerra, a guerra que importa. Não fica muito claro na série por não falarem tanto sobre a trepanação, mesmo dando a cicatriz do processo ao personagem, mas ele se comunica com o Pó e transita pelos mundos em espírito, por isso é um sabichão.

Lee fica indignado, porque ele quer ajudar Lyra, não ao pai dela. Jopari responde que não se deve confundir a missão com o homem, ninguém gosta do Asriel, ninguém aguenta aquele homem, mas ele quer uma guerra contra um poder muito poderoso. O próprio fala no final da temporada passada que quer derrotar a autoridade e criar uma república no céu. Jopari complementa que é uma guerra contra aqueles que nos reprimem, nos querem ignorantes e aqueles que nos querem questionadores, aprendendo. O livre arbítrio está em jogo talvez? E você achou que guerra que importava era a sua, Jon Snow.

Quando Lee começa a discorrer o porquê de Asriel ser um babaca, aquilo acaba pegando forte em Jopari, já que ele abandonou o próprio filho, e nem imagina que o novo portador da faca é ele, mas então desabafa e conta sua história para Lee, como ele fez para prosperar naquele mundo e que por não ser dali ele e sua daemon são como feiticeiras. Mas o mais importante, ele diz que não desistiu da família, mas o caminho para seu mundo tinha sumido para sempre, então fez as pazes com suas limitações, ele não conseguiria voltar.

Os dois terminam fazendo um acordo. Lee leva Jopari até o portador, mas Lyra tem que ficar sob a proteção da faca. A ironia é que ela já está. O xamã diz que sim, mas que o portador tem sua própria missão, que pode colocar Lyra em um perigo ainda maior. Eles encontram o balão de Lee ocasionalmente na floresta – não sei se tivemos um timeskip ou o que, mas os dois voam -, Jopari diz que cuidará dos ventos e invoca uma forte ventania.

Apenas fica a dúvida: eles vão atravessar a anomalia assim como as feiticeiras? Como eles vão passar pelo Magisterium?

No núcleo de Mary, vemos Boreal conversando com Oliver (Robin Pearce), o colega de Mary. Ele conhece a caverna e oferece dinheiro para o projeto, que em poucos dias perderá o financiamento, mas diz que tem interesse em compreender o que compõe o universo. Espero que ninguém tenha caído nessa, porque Boreal obviamente quer outra coisa.

Mary dormiu no trabalho, ela está focando nesse projeto para fazê-lo funcionar, mais do que nunca. Boreal já a cumprimenta com uma frase machista de “sempre admirei as mulheres que tem boa ética de trabalho”, insinuando que geralmente elas não a têm, mas, na verdade, para ele, aquilo parece ter sido um ótimo elogio. Vale lembrar que Carlo vem de um mundo que se assemelha aos nossos anos 20 ou 30, as mulheres não desempenham os mesmos papéis lá e, pelo que se pode perceber, ele não se acostumou com a ideia de mulheres catedráticas/cientistas.

Nossa protagonista até se interessa pela proposta, mas quando ele menciona o Ministério de Defesa, ela já o manda embora dali, entendendo bem as intenções dele, usar as descobertas sobre consciência humana como arma. Oliver ainda tenta desautorizá-la, culpando seu cansaço e falta de sono, mas ela é irredutível, não vai permitir isso.

De volta à caverna, Mary consegue finalmente fazer com que ela funcione e a caverna FALA com ela. O berro que eu dei. No livro essa interação acontece de forma escrita, como Mary vinha tentando fazer, mas no fim, Lyra havia dito para fazer palavras, e estas podem ser ditas, não só escritas.

Ela começa com algumas perguntas mais óbvias e  depois as coisas escalonam rápido, mas vamos por partes. Temos confirmação de que as Sombras são o mesmo que o Pó, que é o mesmo que a matéria escura e tem consciência. Nada que já não soubéssemos, mas o próprio Pó nos confirmou isso agora.

Depois disso é que a coisa fica boa. A mente do Pó não é humana, mas nós humanos sempre soubemos de sua existência. São incontáveis, bilhões, e são anjos. Sim, anjos. Nós vamos entrar nessa. A ex-freira, que parou de acreditar no que a Igreja dizia, está falando com anjos. E se você pensou rápido, não pensou errado. Anjos são o Pó, ou como é dito, estruturas, complexificações deste, então, além de anjos na caverna temos anjos no aletiômetro. Lyra está falando com anjos e a faca sutil tem alguma relação com eles também. Aquela torre não é a torre dos anjos a toa. E sim, é a voz da nossa narradora, Xaphania falando na tela do computador. Lidem com essa informação.

Acabou por aí? Claro que não. Mary pergunta se a matéria de Sombra é o espírito. E ela responde “Pelo que somos, espírito. Pelo que fazemos, matéria. Matéria e espírito são uma só.” O curioso é que isso é dito porque antes Mary pensou no que Santo Agostinho fala dos anjos “anjo é o nome do ofício, não da natureza. Se você procurar o nome da natureza deles, esse nome é espírito; se procurar o nome do ofício, esse nome é anjo; o que eles são, espírito; o que eles fazem, anjo.” O Pó leu os pensamentos de Mary. 

Por fim, quando ela pergunta sobre interferirem na evolução humana, é respondido que sim. E vamos um pouco além do livro, dizendo que estavam intervindo, guiando.  E por quê? Vingança. Como o episódio não acabou aqui eu não sei, seria o timing perfeito. Contra quem os anjos querem vingança? Segundo a bíblia, anjos são criaturas poderosas que podem matar milhares em segundos, então do que anjos se vingariam? E porque intervir na evolução é uma vingança?

No momento em que Mary está conversando com o Pó, a conversa foi tirada do livro palavra por palavra, exceto por uma fala. Quando ela pergunta se sua ideia sobre evolução humana está certa e o Pó diz que sim, mas ela precisa fazer mais perguntas. A série não tem entrado nesse assunto, mas é uma questão sobre os crânios trepanados e como há 35 mil anos o Pó pode ser percebido em crânios e artefatos humanos, que, se não me engano, ela chega a mencionar em episódios anteriores.

Marisa Coulter (Ruth Wilson) e Carlo Boreal se encontram, e é um tipo estranho de encontro, da parte de Boreal poderia até ser algo romântico. Ele fala sobre as janelas e que não é preciso ser dramático como Asriel para atravessar para outro mundo – mais uma pessoa aqui reforçando que absolutamente ninguém gosta do Asriel, aquele desgraçado – existem maneiras mais simples e que ele pode leva-la até Lyra. Ou seja, ele já planeja trair a garota quando ela chegar com a faca. Pelo menos é o que ele pensa, porque, como Sra. Coulter bem diz, Lyra é muito boa em escapar de armadilhas.

Depois de uma negociação passivo-agressiva com toques de flerte, onde um está usando o outro para conseguir o que quer, Marissa atravessa para outro mundo, descobrimos que a janela de Boreal não dá direto no mundo de Will, ela vai para Citagazze e, de lá, descendo uma escada ele entra em outra janela, então Citagazze continua sendo o meio do caminho.

A relação da Sra. Coulter e do macaco dourado não parece ter evoluído muito desde o episódio anterior, ela ainda se machuca através dele, mas ainda tenho esperanças de isso mudar um pouco.

Depois de um episódio sumidas, vemos as feiticeiras se reunindo logo após o lago Lubana também ser atacado pelo Magisterium. Serafina Pekkala (Ruta Gedmintas) pede para que Ruta Skadi (Jade Anouka) vá com ela atrás de Lyra, ao que Ruta responde que vai ajudar, mas que vai atrás de Lorde Asriel. As duas se acertam enfim para contra atacar o Magisterium.

Para chegar ao outro mundo, elas precisam passar pela anomalia, mas o Magisterium a está vigiando para ninguém passar por aquilo, porque se passarem e tudo que se suspeita for verdade, é heresia, blasfêmia. Vemos Serafina lutando pela primeira vez nessa temporada e, de novo, surge a questão de as feiticeiras serem muito poderosas. Ainda precisamos entender o limite da magia delas.

No ponto dos daemons, temos algo muito importante para discutir aqui. Além do fato de Pan estar passando bastante tempo na forma fofíssima de panda vermelho, segundo o HBO Extras, essa forma foi escolhida para mostrar que Lyra se sente atrapalhada nas situações em que tem estado, e de fato, quando vemos Pan tentando agarrar a faca ele quase não consegue, de tão atrapalhada (mas fofa demais) que é essa forma. Ando sentindo falta das mudanças constantes de Pan, até mesmo para ser usada como vantagem, como aconteceu no episódio anterior. No livro ele se transforma em urso para assustar Tullio no momento da luta pela faca.

Mas o assunto sério dessa vez é a questão do toque no daemon. Para quem talvez não tenha ficado muito claro, no mundo de Lyra, as pessoas podem tocar em seus daemons, podem tocar umas nas outras, daemons podem se tocar e o mesmo vale para conversar, dificilmente alguém fala com o daemon de alguém – embora possa acontecer – e é um tabu tocar o daemon de outra pessoa. Até mesmo NA GUERRA, soldados evitam tocar nos daemons de seus inimigos, é algo realmente sério. Um exemplo é quando no episódio, Tullio chuta Pan e Lyra sente a mesma dor.

Em Bolvangar, vemos um funcionário segurar Pan para impedir que Lyra fuja e o resultado é assustador. O toque é terrível, Lyra cai no chão sem conseguir reagir, é algo que trás repulsa, é uma violação metafísica tocar a alma de outra pessoa com as mãos nuas.

Mas nesse episódio quando Pan toca Will, isso só causa surpresa e estranhamento. Pan quis tocar em Will acreditando que o garoto precisava de conforto, então existe toda uma questão de intimidade, afinidade e proximidade com a alma de outra pessoa, o toque deixa de ser uma agressão para se tornar um gesto extremo de carinho e nós já percebemos como em diversos momentos Will parece se entender muito melhor com Pan do que com Lyra.


Momento comparação com o livro!

  • No livro, a torre tem uma porta principal, então Will e Lyra simplesmente entram, primeiro encontram Tullio dançando com a faca, falando sozinho e passa a impressão de ter algum problema mental. Depois encontram Giacomo e a luta acontece, com maior participação de Lyra, Tullio acaba caindo da torre, mas sobrevive. 
  • Considero a perda dos dedos de Will mais dramática no original, porque ele vence a luta e quando solta a corda da mão, seus dedos caem junto com ela. 
  • A ferida de Will sangra muito, ele perde muito sangue e Lyra menciona o musgo de sangue (não lembro se é mencionado na temporada anterior), a melhor solução de seu mundo para esse tipo de sangramento.
  • Enquanto Giacomo ajuda Will, Lyra vê Angélica e Paolo chegando até Tullio, que é pego pelos espectros e morto na frente dos irmãos. Angélica vê Lyra no alto da torre e jura a garota de morte.
  • Quando Giacomo cuida da mão de Will, ele passa o que diz ser uma “pomada preciosa”, mas Will reconhece como uma pomada antisséptica que ele poderia comprar em qualquer lugar.
  • Durante a lição sobre a faca, Will diz a todo momento que não quer aquela responsabilidade, que não foi ali para isso, e Giacomo diz que ele não tem escolha, que normalmente fariam uma cerimônia solene e contaria a história da faca e da Guilda, mas não tem tempo.
  • Originalmente Pan lambe a mão de Will, pois ela não para de sangrar, e Lyra não questiona, só mais tarde os dois conversam sobre isso.
  • O idoso conhece Boreal, e foi ele quem deixou aberta a janela que Will encontrou, para que Boreal passasse e fosse pego pelos espectros, e avisa as crianças que, mesmo que levassem a faca, seriam traídos.
  • Giacomo diz que os espectros apareceram quando a Guilda estudava o que mantinha os átomos unidos. Ao romper a ligação, os monstros apareceram.
  • A cena do banho não existe. Assim que saem da torre os dois já vão atrás do aletiômetro.
  • O caminho de Lee está cheio de mosquitos também, mas além do unguento ele fuma charutos para espantá-los.
  • Lee já havia estado na aldeia de Jopari, quando chega lá, com o chefe, lhe dá erva de fumo de presente, descobre que além de xamã Jopari tem um problema no coração e depois o levam até ele. Jopari conta sua história de vida para ele, mas fora isso é super vago sobre outros assuntos. Ele não explica nada para Lee direito, fala da faca apenas que é poderosa. Ele tem certa urgência para encontra-la porque seu problema no coração não pode ser tratado nesse mundo. O nome da faca não é revelado, isso só vem lá para o final do livro, e pede para que ele jure pelo que o fez rejeitar o amor de uma feiticeira, que na prática dá na mesma, foi por sua família, mas de um jeitinho diferente.
  • Lee comenta sobre uma história que ouviu, que diz que 35 mil anos atrás, um buraco no céu se abriu e por ele entraram espíritos de outros mundos e, a partir daí, começaram a aparecer Pó nos crânios e objetos feitos pelo homem. Também fala que ele não sabe bem porque foi até ali, ele apenas sentia que isso ajudaria a Lyra de alguma forma.
  • O embarque no balão é completamente diferente. Os dois precisam voltar pra cidade, porque Lee deixou o balão em um galpão – ele cuida direitinho do balão, é tudo que ele tem. Mas como a cidade foi tomada por soldados do Magisterium ele mostra o anel do homem do observatório que ele roubou e o ajudam a encher o balão, mas quando descobrem que é enganação já estão no ar, mas isso não impede que um cara morra por não soltar a corda do balão. Sua daemon era terrestre, ficou no chão enquanto ele voava e eles morrem pela distância.
  • No original, Boreal chega quando Mary está falando com Oliver sobre Lyra e o que ela foi capaz de fazer com a caverna, mas Oliver diz que não tem jeito, ele já aceitou um novo emprego em Genebra e a pesquisa acabará ali. Boreal chega já dando algumas voltas sobre como soube do projeto ou como pretende apoiá-lo, e quando menciona consciência e defesa, Mary entende suas verdadeiras intenções e o manda embora, mas ele a ameaça de volta, diz que sabe que ela esteve em contato com Lyra, uma ladra que roubou um aparelho científico antigo e está com um garoto assassino e é melhor a cientista contar para ele o que sabe. Quando ele sai, Mary e Oliver discutem, ela vai embora para casa enquanto ele liga para Boreal e a tira do projeto.
  • Mais tarde, quando Mary volta para fazer a caverna funcionar, ela quase é impedida de entrar no prédio.
  • Não vemos o momento em que Marisa e o macaco dourado atravessam a janela, porque não a acompanhamos durante o livro.
  • As feiticeiras não atravessam para outro mundo através da anomalia, elas encontram uma abertura no céu, que sabiam onde estava, podiam sentir. Elas apenas voam, até saberem que estão em outro mundo, porque depois do experimento de Asriel, o que quer que separe os mundos está mais delicado, especialmente no céu.

Momento informação interessante do HBO Extras!

  • Foi feita uma associação entre Citagazze e Babilônia, cidades ambiciosas que usaram mal seu poder. Biblicamente foi lá que foi construída a torre de Babel, buscando algo tão grande quanto a capacidade da faca sutil, ambos seus finais não foram bons. 
  • Uma das inspirações visuais de Citagazze é a pintura Torre de Babel de Pieter Bruegel. 
  • Citagazze possui várias facas, gralhas e anjos espalhados por sua extensão, como easter eggs.
  • Quando Mary nega a proposta de Boreal, o app nos fala sobre cientistas que tiveram seus experimentos transformados em armas, como Alfred Nobel e a dinamite ou Albert Einstein e a bomba atômica.
  • No aletiômetro, o anjo significa uma mensagem, a hierarquia e a desobediência.
  • Muitos personagens da cultura pop perdem a mão ou parte dela assim como Will, como Luke Skywalker, de Star Wars, Jamie Lannister de Game of Thrones e Furiosa de Mad Max: Estrada da Fúria. A forma como todos enfrentam a perda nos lembra do valor da resiliência e da coragem em face da mudança.
  • As feiticeiras rainhas usam ombreiras que se assemelham a armaduras e simulam as plumas de seus daemons.
  • Foram usadas redes de pesca como as janelas, durante as gravações para facilitar a interação do elenco com elas.
  • Boreal conhecia 12 janelas e todas levavam a Citagazze, mas depois de Asriel abrir sua anomalia a maioria mudou de posição.
  • O processo de animar os espectros foi bem difícil. Para não ficarem iguais aos dementadores, criaram um algoritmo para que seus movimentos ficassem imprevisíveis.
  • Um afresco atrás da Sra. Coulter serve para mostrar que a cidade é mais antiga do que pensamos, já que a técnica de pintura existe há 4 mil anos.
  • Citagazze foi construída digitalmente primeiro, para ser bem explorada e sua versão física ser bem aproveitada quando estivesse pronta.
  • Poucos anjos na bíblia tem forma humana, só os de nível mais baixo, a maioria possui várias cabeças e vários olhos.

Com esse episódio tão denso, mas ao mesmo tempo tão bem estruturado que eu o assisti duas vezes e nas duas não senti sua hora de duração passar. Todas as cartas estão na mesa agora, é hora de ver para onde vamos afora.