Final Fantasy IX (2000) foi lançado dia 7 de julho no Japão e posteriormente no resto do mundo ainda naquele ano. Tratava-se do último jogo da Squaresoft para o primeiro console da Sony. Ele foi responsável por encerrar uma trilogia de sucesso no PlayStation, junto com seus antecessores Final Fantasy VII (1997) e Final Fantasy VIII (1999). Contudo, em relação ao público em geral, Final Fantasy IX permanece, ainda hoje, obscuro. O fato de o jogo ter sido lançado um pouco antes de Final Fantasy X (2001), o jogo da franquia mais aguardado até então, muito por ser o jogo da nova geração da época, ofuscou muito o brilho do capítulo nove da fantasia final.
Final Fantasy IX é, de certa forma, um retorno às origens medievais e fantasiosas dos primeiros jogos da franquia. Enquanto o sétimo jogo apresentava um mundo com elementos de cyberpunk e fantasia, o oitavo era uma ficção científica e fantasia também. O Final Fantasy IX trouxe de volta esse ar medievo e os elementos de magia mais fortemente ao jogo. O sistema de classes estava de volta, mas sem possibilidade de troca entre os personagens, portanto, cada um desse novo elenco possui características próprias e únicas que possibilitam enormes estratégias entre eles. Essas habilidades então podiam ser combinadas, por exemplo, a magia de Vivi com a espada de Steiner, possibilitando assim um ataque com dano físico e mágico ao mesmo tempo.
O grande trabalho aqui não é apenas no retorno aos temas de fantasia medieval tão caros ao universo de Final Fantasy, o grande destaque se dá para o desenvolvimento de personagens e história, características tidas como de excelência em qualquer jogo da série. Os personagens são carismáticos e todos têm um background bem desenvolvido e com sua importância dentro da história. Zidane, o novo protagonista, apresenta um ar bem mais divertido que o niilista do Cloud e o adolescente rebelde do Squall, o fato dele flertar com várias personagens e de, ao mesmo tempo, tomar um fora delas, gera uma comicidade que o distancia dos outros dois, mas não só por isso, Zidane apresenta novos ares, mas pelo seu desenvolvimento e carisma, além de sua jornada pessoal bem marcada. Ele se importa em ajudar os amigos a qualquer custo, no fim de sua jornada ele questiona a própria existência e se vê sozinho, mas é resgatado por seus inseparáveis amigos.
O jogo também trata temas que podem ser considerados pesados ou adultos, como a brevidade da vida e o sentido de estar vivo. E que, mesmo assim, sem saber o sentido da vida, é necessário continuar vivendo e lutando para que se possa atingir seus objetivos, seja proteger um amigo querido ou tentar salvar o mundo. Personagens como Zidane e Vivi são um prato cheio para aqueles que gostam de analisar a fundo as minúcias de construção de personagens e veem videogame como forma de arte.
Além do retorno ao tema fantasia medieval, Final Fantasy IX contou com o máximo que o hardware do PlayStation poderia oferecer na época. Isso significava modelagens melhores que seus antecessores, além de cenas em CGI melhor animadas e um trabalho de som e trilha também superiores. O compositor Nobuo Uematsu afirma em constantes entrevistas que esse jogo possui a melhor trilha que ele já compôs para um Final Fantasy. Ele também afirma ser o seu jogo favorito de toda a série. Não é por menos, a trilha épica complementa a experiência narrativa e acentua a personalidade de seus personagens, cenários e mundo.
Embora não seja constantemente lembrado pelo grande público, Final Fantasy IX é um alento aos fãs da série, conseguindo retomar um primor narrativo (abandonado em Final Fantasy VIII) e indo além, apresentando um dos melhores elencos de protagonistas, com personagens como Vivi. Esses fatores, aliados a uma história grandiosa e misteriosa, juntamente com um trilha inspirada, tornam Final Fantasy IX a melhor experiência da franquia na época do PlayStation.
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Atual Vice-presidente da Aceccine e sócio da Abraccine. Mestrando em Comunicação. Bacharel em Cinema e formado em Letras Apaixonado por cinema, literatura, histórias em quadrinhos, doramas e animes. Ama os filmes do Bruce Lee, do Martin Scorsese e do Sergio Leone e gosta de cinema latino-americano e asiático. Escreve sobre jogos, cinema, quadrinhos e animes. Considera The Last of Us e Ocarina of Time os melhores jogos já feitos e acredita que a vida seria muito melhor ao som de uma trilha musical de Ennio Morricone ou de Nobuo Uematsu.