Finalmente, podemos dizer que The 100 (2014-) voltou, e não só do hiatus, mas por se colocar ao que era antes: ágil. Essa é uma característica ao qual a série provou ter potencial à medida que evoluía, porém, nessa atual temporada, agilidade tem sido um aspecto difícil de se ver numa trama congestionada no próprio desenvolvimento. Felizmente, A Little Sacrifice veio para nos dar um pouco de esperança – e um soco no estômago.
Vamos começar pelo arco que, convenhamos, perdeu o brilho faz tempo: Sanctum e o bufa fria do Sheidheda. No episódio anterior, os roteiristas entregaram uma ousada estupidez ao permitir de Indra (Adina Porter), guerreira sagaz e estratégica, dar espaço para o também chamado Malachi seguir com seu plano maligno de ser adorado a todo custo. O resultado não poderia ser mais óbvio: sangue, e iniciamos o décimo capítulo com Emori (Luisa d’Oliveira) e Murphy (Richard Harmon) lidando com a matança executada pelo Dark Commander.
Em seguida, Malachi vai atrás daquela que o rejeitou por último: Madi (Lola Flanery). Requerer dela a rendição à sua imagem, ou, ao contrário, exterminaria ela e todos com quem se importa, era o que Sheidheda precisava para fazer do Planeta da Lua o centro do que não conseguiu adquirir a eras atrás: um povo temente e isento de laços emocionais – demorou dez episódios pra isso e quer reverência. Ok.
Essa trama está tão nebulosa e sem emoção, que poucos minutos foram dedicados para tal. A cena em que Malachi e Indra duelaram, mostrou uma direção pontual de Sheirwin Shilati, junto a fotografia de Gerald Parker, os movimentos corriqueiros da câmera, pitadas de slow motion e golpes coreografados, deram os elementos básicos que takes de lutas incrementam a fim de ser empolgante, também, serviram para lembrar há quanto tempo não tínhamos essa sensação emocionante em The 100. A coisa toda foi precisa, terminando ao passo que começou, porém, soube usar os personagens estacionados e não oferecer mais um enlatado semanal de zero avanço em Sanctum.
Ter Indra, Emori, Madi e Murphy, é o gás que faz valer essa perda de tempo repetitiva em Sanctum – principalmente com Murphy no auge da empatia. Foi com Indra enganando Sheidheda, como um pequeno sacrifício para poupar Madi que pausamos o plot por lá, mas novamente, a chance de encerrar de vez essa agonia com Malachi estava ali e roteiristas decidiram que dá para enrolar mais uma semana. Float yourself!
Partindo para Bardo, pequenos e grandes sacrifícios se fizeram presentes. A trama precisava mesmo da trupe toda reunida para dar um norte aqui, nossa. Rapidinho Clarke e seus amigos sacaram que O, Echo e Diyosa estavam fingindo ser discípulas – e da tolice de Bill achar que Wanheda tem os códigos -, e da mesma forma, Echo se desfez da pose e mostrou o quanto estava inclinada por vingança pela morte – sem corpo – de Bellamy. Também, ao contrário do que pensamos, Hope ainda não tinha sido levada para cumprir a sentença na Penitência.
Só nesse episódio percebi as semelhanças entre Echo e Hope: ambas tiveram parte de suas vidas roubadas abruptamente. A primeira, alguém a quem canalizou lealdade e amor para mostrar o lado a qual a guerra reprimia. Já Hope, infância e adolescência conduzidas por resgatar as pessoas que a criaram, e agora, na fase adulta, só resta o ódio e revolta por um sistema lhe tirar o direito de viver “normalmente”. Em suma, são duas bombas relógios, e tendo Echo se permitido não ultrapassar o limite ao querer usar do Gem9 – substância tóxica que tornou os antigos bardânos em enormes pedras com formatos de cristais – para envenenar o povo em Bardo, a impulsividade de Hope e revolta falaram mais alto. A consequência, foi perder a mãe.
O golpe foi a intenção de agir por ter perdido muitas oportunidades de crescer com Diyosa, e na exaltação, atingir e perder sem reparação, uma das figuras mais importantes em sua vida. Com isso, The 100 entregou a urgência que carecíamos para validar todas as informações dadas acerca do perigo aqui. A despedida foi dura, mas um sacrifício necessário antes que a série se perdesse ainda mais.
Finalizando a ida em Bardo, tivemos mais da guerra que Cadogan tanto quer alcançar, e principalmente, mais duração do personagem em tela. A cena genérica do almoço com Gabriel foi ótima para firmar o que já pensávamos do líder pastoral: para ele, o pequeno sacrifício do seu povo, valerá a pena, se no final atingir a última geração prometida nos dados que encontrou ao descobrir Bardo. Na review anterior, comentei sobre achar suspeito Bill acreditar na transcendência por esse caminho, sugerindo que a forma arranjada, foi dar um motivo para o povo lutar, já que sabia o que viria depois. Aparentemente, errei.
Graças a Jordan (quem diria), entendemos que Bill fez a leitura errada dos códigos achados, e a dita guerra, se trata de um teste para quem possuir os códigos restantes e usar na pedra. Por mais que nossos personagens estejam jogando bem com Cadogan, não acredito que ele seja burro assim, e de novo, lembrarei das palavras de Becca, advertindo do perigo dele obter os códigos. Meu palpite é que ele quer o fim mesmo, outro apocalipse.
Depois de tantas semanas parecendo que a trama não andava, um pequeno sacrifício foi necessário para as coisas irem para frente.
Últimos comentários:
100: acho que já aceitei que o plot de Sanctum vai durar até a season finale, mas ainda não tenho perspectiva de como será relevante para Bardo. O quarteto fantástico merecia mais.
99: então Bill acha que o tempo o tornou uma pessoa melhor: não se acha mais um deus, autoritário, egoísta, e sim um escolhido para levar a população a transcendência. Não creio.
98: Gaia, onde está você?
97: no próximo episódio, Bellamy irá voltar e um novo planeta será apresentado. Com certeza, teremos mais peças para os eventos em Bardo, mas não seria nada demais Gaia estar logo lá também.
96: R.I.P Diyosa, vulgo uma das três mulheres mais perigosas de qualquer planeta.
Ama ouvir músicas, e especialmente, não cansa de ouvir Unkle Bob. Por mais que critique, é sempre atraído por filmes de terror massacrados. Sua capacidade de assistir a tanto conteúdo aleatório surpreende a ele mesmo, e ainda que tenha a procrastinação sempre por perto, talvez escrevendo seja o seu momento que mais se arrisca.