10 Filmes que não parecem dirigidos por quem os dirigiu

Sabe quando descobrimos que certo diretor dirigiu certo filme que não tem absolutamente nada em comum com o resto de sua filmografia? E aí soltamos um sonoro “WHAT?” Foi pensando nesses filmes que decidi listar algumas das maiores surpresas que já tive nesse sentido.


O Besouro Verde

(The Green Hornet, 2011)

Dir: Michel Gondry

A dupla Seth Rogen e Evan Goldberg já estava se firmando como bons roteiristas de comédia em Superbad: É Hoje (Superbad, 2007) e Segurando as Pontas (Pineapple Express, 2008), quando em 2011 decidiram escrever sua própria versão do Besouro Verde, personagem criado para uma série de rádio (!) na década de 30, mas que transitou em diversas mídias desde então, ficando mais conhecido pela série de TV de 1966-67, com o astro das artes marciais Bruce Lee interpretando o mordomo Kato. Já é um pouco estranho pensar o porquê da dupla fazer tal decisão, mas o difícil mesmo é entender a escolha do francês Michael Gondry, de Brilho Eterno de Uma Mente Sem Lembranças (Eternal Sunshine of the Spotless Mind, 2004) e acostumado a fazer videoclipes da Björk, para a direção do novo longa do mascarado rico e seu mordomo. Vai entender…


Oldboy: Dias de Vingança

(Oldboy, 2013)

Dir: Spike Lee

Oldboy (Oldeuboi, 2003), de Park Chan-wook, já pode ser considerado tranquilamente um clássico do cinema sul-coreano, compondo a terceira parte da chamada Trilogia da Vingança do diretor. E como acontece com vários excelentes filmes que não são em língua inglesa a trágica história de Oh Dae-su foi mais uma vítima dos estadunidenses com preguiça de lerem legendas. Até aí, nenhuma novidade. Mas alguém pode me explicar o que raios um cara como Spike Lee tá fazendo na direção desse remake???


Babe, o Porquinho Atrapalhado na Cidade

(Babe,  Pig in the City, 1998)

Dir: George Miller

Um dos filmes que mais me emocionaram na saudosa Sessão da Tarde da década de 90 foi o sensível Babe, o Porquinho Atrapalhado (Babe, 1995), e talvez ainda mais sua continuação de 1998, com nosso protagonista fofinho se aventurando na cidade grande. Mas quem diria que a mesma mente que nos presenteou com os quatro filmes brutais e violentos da franquia Mad Max, também poderia ser responsável pelos roteiros dos dois filmes do porquinho, além de encabeçar a direção do segundo? Não parece tão estranho quando pensamos que George Miller também roteirizou e dirigiu as duas animações do pinguim Happy Feet <3


Destino Insólito

(Swept Away, 2002)

Dir: Guy Ritchie

Mesmo com apenas dois longas na carreira (na minha opinião seus maiores feitos), Jogos, Trapaças e Dois Canos Fumegantes (Lock, Stock and Two Smoking Barrels, 1998) e Snatch: Porcos e Diamantes (Snatch, 2000), já dava para dizer que Guy Ritchie tinha um estilo próprio. Mas quando estamos apaixonados é sabido que ficamos um pouco loucos, não é mesmo? Então o diretor inventou de dirigir um remake de um filme de romance italiano da década de 70 que seria protagonizado por ninguém menos que Madonna, com quem foi casado de 2000 à 2008. Não sei se alguém vai concordar, mas pra mim o inglês nunca mais conseguiu acertar o tom que o marcou no início da carreira, por mais que venha tentando bastante.


A Princesinha

(A Little Princess, 1995)

Dir: Alfonso Cuarón

Outro que era certeza nas minhas sessões da tarde dos anos 90 e início dos 2000 foi o lindíssimo A Princesinha (A Little Princess, 1995). E qual não foi minha surpresa que o cara que nos deu Filhos da Esperança (Children of Men, 2006), Gravidade (Gravity, 2013) e Roma (2018) havia sido o responsável por tão singela fantasia infantil? Mas faz sentido já que anos depois Cuarón dirigiria o melhor filme da franquia Harry Potter (aceita, Mylla).


O Planeta dos Macacos

(Planet of the Apes, 2001)

Dir: Tim Burton

Muita gente escolheu esquecer ou apenas lidar como um mero delírio coletivo, mas em 2001 alguém teve a brilhante ideia de entregar os planos de uma nova versão de Planeta dos Macacos a ninguém menos que Tim Burton, mas levando em conta que o diretor quase fez sua versão do Superman estrelado por Nicholas Cage, talvez ainda tenhamos saído no lucro. Apesar do fracasso total de bilheteria eu não desgosto completamente do filme, acho que os efeitos de maquiagem são bem bons e a mudança no roteiro em relação ao original (até o final completamente sem sentido) são até aceitáveis. Burton claramente não é um bom diretor de ação, mas soube colocar sua identidade no filme o quanto pôde.


Duna

(1984)

Dir: David Lynch

Muitos diretores tem aqueles filmes pelos quais se envergonham um pouco. O de David Lynch é seu Duna (1984). Desde muito tempo antes disso o diretor chileno Alejandro Jodorowsky nutria um desejo megalomaníaco em adaptar o romance seminal de Frank Herbert para o cinema, e quando eu digo megalomaníaco eu falo de um filme realmente quase impossível de se fazer numa época em que o mundo ainda não sabia o que era Star Wars. Essa história é contada pelo próprio Jodo no genial documentário Duna de Jodorowsky (Jodorowsky’s Dune, 2013), que eu recomendo demais. Entretanto o estúdio escolheu entregar a produção nas mãos de um outro surrealista, ligeiramente mais pé no chão, ao menos naquela época. Lynch acabou fazendo um filme extremamente careta e que não aproveita quase nada da grandiosidade da obra de Herbert. Esperemos ansiosos pela versão de Denis Villeneuve.


Thelma & Louise

(1991)

Dir: Ridley Scott

Ridley Scott sempre foi um diretor conhecido por fazer filmes de vários gêneros. Passeou – e passeia ainda – tanto pela ficção científica, quanto nos épicos e na fantasia. Imagine a surpresa que não foi o diretor repentinamente nos entregar um filme como o belíssimo Thelma & Louise (1991), um divertidíssimo road movie protagonizado por duas mulheres (Geena Davis e Susan Sarandon simplesmente perfeitas), algo completamente diferente de tudo que o diretor já havia feito. E acho que podemos dizer que Scott nunca mais voltou a algo do tipo. Ainda bem que ao menos ele nos deu esse presente.


Piranhas 2: Assassinas Voadoras

(Piranha Part Two: The Spawning, 1981)

Dir: James Cameron

Quem o conhece sabe que James Cameron tem verdadeiro fascínio pelo fundo do mar. Podemos perceber isso em seu O Segredo do Abismo (The Abyss, 1989), em algumas das cenas iniciais de Titanic (1997) ou em alguns filmes, tanto de ficção como documentários, que produziu. Mas o que pouca gente sabe é que esse fetiche do diretor já estava presente no primeiro longa metragem de sua carreira, o trash Piranhas 2: Assassinas Voadoras (Piranha Part Two: The Spawning, 1981). Isso mesmo, o título é autoexplicativo. Quem diria que poucos anos depois o cara daria um salto com O Exterminador do Futuro (The Terminator, 1984) e ainda teria pretensões inimagináveis com seu filme e futura franquia Avatar?


O Último Mestre do Ar

(The Last Airbender, 2010)

Dir: M. Night Shyamalan

Shyamalan foi um diretor que, logo no início da carreira, conseguiu chamar a atenção do público e da crítica para si, chegando a ganhar o título de “novo mestre do suspense”. Mas na segunda metade dos anos 2000 o diretor vinha em uma sequência de escorregões como com A Dama na Água (Lady in the Water, 2006) e Fim dos Tempos (The Happening, 2008), filmes que tiveram péssima recepção do público. Enquanto isso a série animada Avatar: A Lenda de Aang (Avatar: The Last Airbender, 2005 – 2008) já ganhava status de queridinha da cultura pop, juntando vários fãs de todas as idades. Quando uma adaptação para o cinema foi anunciada, o pulo que todos esses fãs deram de susto quando Shyamalan foi anunciado como diretor foi enorme. Não só porque ele estava em baixa com suas produções, mas principalmente porque a história do desenho não fazia o menor sentido com o estilo do diretor. Dito e feito. O filme foi um fracasso absoluto e é de acordo geral que ele jamais deveria ter acontecido. Shyamalan ainda deu mais um tropeço logo em seguida com o esquecível Depois da Terra (After Earth, 2013), mas felizmente anda se recuperando até bem nos últimos anos ao revisitar um de seus primeiros sucessos, Corpo Fechado (Unbreakable, 2000), com duas continuações.


Caso você lembre de mais algum exemplo que te fez cair o c* da b*nd*, fala aí nos comentários.