Seguindo a onda de erros e acertos da temporada, eis que não podemos mais contar com sequências de episódios bem bolados em The 100 (2014 -), o mais importante é esperarmos que façam valer todas as respostas. Agora, falta menos que a metade para o fim, e o roteiro escrito por Alyssa Clark, atribuiu a The Flock apontar algo mais contido para a leva final da temporada, contudo, ainda amarrada aos tropeços que põem em risco a qualidade e potencial da série. Seria esse o preço das expectativas?
Novamente dividindo a narrativa entre Bardo e Sanctum, o maior trunfo ficou pelo que o planeta pastoral nos introduziu. Nos segundos finais do fabuloso Anaconda (7×08), fomos surpreendidos com a imagem de que Echo, Diyoza (Ivana Milicevic) e Octavia (Marie Avgeropoulos) se tornaram Discípulas – onde estava Hope (Shelby Flannery)? Voltando três meses antes que Clarke (Eliza Taylor) chegasse lá (esse foi o tempo que elas eram treinadas e Gabriel prestava seu conhecimento sobre a pedra), o episódio apresentou aqui seu rebanho (flock), a também chamada população bardana. Graças às novas integrantes, entendemos as diretrizes que se dá no complexo criado por Bill (John Pyper-Ferguson).
Depois que o antigo exército (composto de gigantes alienígenas) fracassou na guerra que enfrentaram, o líder fanático se encarregou de um sistema capaz de criar embriões de número limitado para, assim, se ter um novo povo. Dessa maneira, quando “gerados”, os membros eram apenas ensinados acerca do que o pastor fez e pelo que lutariam por ele, isentos de qualquer laço emocional um com o outro. O retrato foi cruel, mas The 100 mais uma vez conseguiu bater na tecla quando se trata de civilização e crenças. Bardo reflete uma sociedade alienada sobre ter sido salva por um pastor e que tudo que zelam é pelo bem da humanidade.
Desligadas de outros conhecimentos, esta é a cultura bardana. E para guerreiras como Echo (Tasya Teles), Diyoza e Octavia, Anders (Neal McDonough) acreditava que através das simulações de treinamento, seria capaz de moldá-las, sem os ligamentos “egoístas” que construíram ao longo de suas vivências, e então, lutariam sem “poréns” na vindoura guerra. É pedir para esquecer de sentimentos, da própria história, em prol dos princípios bardanos. Elas sabem que foram arrastadas para isso e que o resultado implicará de vez sobre suas vidas, por isso, ao menos Octavia e Diyoza, fingiram atender ao processo, enquanto Hope não aceitava se dispor sem resistir para se tornar uma Discípula. E quem não agiria assim depois de ter a infância, adolescência perdidas de forma brusca? Enquanto isso, Echo se “entregou” totalmente a causa.
A sacada do roteiro para fazer com que Echo esteja tão desesperada assim depois de perder Bellamy (Bob Morley), a ponto de trair as pessoas com quem aprendeu a criar laços, tem funcionado. A ideia é como se ela trocasse a lealdade dos amigos após seu elo emocional e amoroso explodir, para a lealdade da guerra que cresceu sendo instruída a lutar: mate ou morra. Seja perspicaz. Calculista. Espiã. E até compartilhou como achava a realidade das crianças bardanas bem melhor da qual era envolvida. Mas no momento em que ela escolheu enviar Hope cinco anos para Penitência em vez de matá-la, entregou os pontos. Com certeza, do jeitinho que era, decidiu se vingar de Bardo se infiltrando, e assim destruí-los de dentro. Para convencê-los, e principalmente Anders, ela tem feito as piores escolhas até para amigas.
Mesmo com esse excelente tour no treinamento bardano, a narrativa ainda trouxe momentos deslocados em que puseram em cheque os acertos do episódio. Como por exemplo, o envolvimento romântico de O e Levitt (Jason Diaz). Certo que, num ponto crucial, quando explorava as memórias da Bloodreina, ele aprendeu a ver as coisas com outra ótica, se permitindo a um elo diferente do que foi ensinado, mas pareceu apenas genérico dar isso para os personagens.
Fora de Bardo, a nuvem de conveniências chegou em Sanctum. Lá em The Queen’s Gambit (7×07), o impasse ficou crítico com a revolução feita por Nikki (Alaina Huffman) e Nelson (Lee Majdoub) para desmascarar o Planeta da Luz, o que não teria acontecido se Indra estivesse presente – pensamos, né. A guerreira Wonkru coordenou bem a situação (rapidinho assim, depois de umas quatro semanas o fogo querendo pegar em Sanctum) só não esperávamos que por um cálculo errado, ao considerar que depois dos falsos líderes Prime serem expostos, seus fiéis agiriam, Indra acabaria com uma narrativa chata que só estava ficando na promessa: Sheidheda (JR Bourne). O dark commander não morreu, mas ao menos não veremos mais JR Bourne incitando discórdia com frases de efeito, com uma tipoia no braço sem executar seu plano de vingança.
Indra sabia do que ele era capaz, mas ainda assim acreditou mais no que um povo revoltado, decepcionado de fé, faria, o que fez Sheidheda exterminar os fiéis que de nada serviriam para seu plano maligno. Em outras palavras, não era o que ele queria. Pessoas já alienadas por outra cultura e cega entre fé e lealdade. Ele quer seguidores que o temam e acreditem nas suas propostas. Mas nossa, há uns três episódios colocaram Indra para brilhar e agora a pôs num excesso de saídas fáceis e questionáveis do roteiro? Sério?
Trazendo ainda mais respostas, The Flock nos preparou para a guerra colocando personagens importantes em escolhas duvidosas. O bom que tais ações serviram para avançar um pouco o jogo que estava perdendo o gás.
Últimos comentários:
100: ansioso para ver como Hope voltará da Penitência, raivosa pela decisão de Echo.
99: então a civilização dos Bardanos se deu nos restos de uma guerra. Quando então Bill explorou o lugar, levantou a crença com base nisso. Meu palpite é que a guerra tão falada não se trata do inimigo que destruiu o antigo povo, e sim de um meio que o pastor arranjou para ter seguidores ao seu lado. Assim, mente também sobre o propósito dos códigos. Lembrando que, quando Becca viu o apocalipse, ela disse que Bill levaria os membros do Segundo Amanhecer ao fim se conseguisse os códigos. Ele dormiria tanto tempo esperando conseguir os códigos para vencer uma guerra, ou tudo serve para o que ele quer incitar após elevar o nível final da pedra?
98: curioso para saber mais sobre a substância Gem9, que supostamente matou os bardanos.
98: anota aí: três meses em Bardo e vinte minutos em Sanctum.
97: ainda não consigo pensar como os eventos em Sanctum irão se conectar com Bardo, mas a esperança está com Madi, que tudo indica ser a chave, ou seria Sheidheda, agora que mostrou do que é capaz? Visto os vislumbres de um culto que Madi teve, ela provavelmente tem os códigos finais para acessar a pedra. Sheidheda deve ter conhecimento (já que foi um comandante) só nunca soube como explorá-las. Meu palpite é que ele tentará se aproveitar em algum momento quando então souber o quão próximo está das pedras e continuará sendo essa chatice. Ou tô pensando muito na possibilidade do que este personagem tem a render.
96: é, Sanctum já prestou… Pena que não dá só pra sumir com o lugar e pronto, só ficarmos com Bardo.
95: restam sete episódios, ou Sanctum explode ou ficaremos nesse meio termo sem propósito que é este lugar. Essa temporada já enrolou demais pra acontecer. Pergunto de novo: este é o preço de criar expectativas? Nem a quarta temporada foi assim.
94: entraremos em hiatus de duas semanas e a série retorna dia 5 de agosto com o décimo episódio. Até lá, bardanos!
Ama ouvir músicas, e especialmente, não cansa de ouvir Unkle Bob. Por mais que critique, é sempre atraído por filmes de terror massacrados. Sua capacidade de assistir a tanto conteúdo aleatório surpreende a ele mesmo, e ainda que tenha a procrastinação sempre por perto, talvez escrevendo seja o seu momento que mais se arrisca.