RESENHA | O Fim da Eternidade, de Isaac Asimov

HISTÓRIA

Se você não conhece O Fim da Eternidade, é uma das obras mais aclamadas do autor da série Fundação. Conhecido por O Doutor, Isaac Asimov é um dos pais da literatura de ficção científica. Finalista do prêmio Hugo e publicado em 1955, a história se passa na Eternidade, instituição burocrática atemporal que altera o tempo com o objetivo de trazer a melhor realidade possível para os homens na Terra. Respeitando uma estrutura bem organizacional, Eternidade é setorizada por séculos, cada qual com seu Computador (espécie de chefes de cada século) e seus Sociólogos, Mapeadores de Vida, Educadores, Administradores, Observadores, todos abaixo da pontífice Conselho Pan-Temporal. A trama se desenvolve através de Andrew Harlan, um Técnico da Eternidade de século-natal 95, que é enviado ao setor do século 482 para fazer uma M.M.N. (Mudança Mínima Necessária) e obter o R.M.D. (Resultado Máximo Desejado). Lá, ele tem contato com uma Temporal (como os Eternos nos chamam. Aqueles que vivem no Tempo) e assim começa a questionar suas próprias funções e as atuações da instituição.

AUTOR

Isaac Asimov Nasceu em Petrovich/Rússia, mas se estabeleceu em Nova York/EUA logo aos três anos de idade. PhD em Bioquímica, escreveu quase 500 obras e se tornou um marco na literatura de ficção científica com sua mente criativa, científica no deslumbramento antecipado de muitas invenções dentro de suas histórias.

OPINIÃO

Como é conhecido por alguns, a escrita de Asimov transcreve qualquer história com uma naturalidade diante do estranho, do futurístico, do grandioso. As características de seus mundos – principalmente nesse livro – são equilibradas entre “mostrar” e “contar” uma suprindo a outra. Há muitos eventos que se amarram para formar a grande história, todos conectados numa grande coesa linha temporal concentrado quase todo num único ambiente. Dentre outras partes do seu estilo é trazer que o avanço tecnológico não é prejudicado pelo fato de sua existência em si, mas por pessoas que pensam saber tudo ou acham que o tudo em suas mãos é sempre perante todos. Há uma espécie de otimismo se compararmos com outros escritores como Philip. K. Dick, por exemplo.

Contudo, em O Fim da Eternidade, mesmo dentro de uma leitura com ritmo crescente (e com divisão em capítulos de pequena extensão), este que vos escreve não foi pego em alguns momentos de surpresas que ajudariam nas possíveis viradas de expectativa. O protagonista não é de todo carismático (e soa como uma característica do personagem, pois dela vem outros traços) e algumas explicações que seriam outros pontos de virada são feitas de maneiras até brusca, salvando-se através do conteúdo inteligente e gradativo na retirada do véu que separa ficção da nossa realidade. Algumas palavras se repetem (como febril, febrilmente), mas tenho dúvidas se foi uma escolha individual da tradução ou um pequeno vício do texto original.

EDIÇÃO

Essa edição brasileira de 2019 é pela conhecida Aleph, conceituada por muitos títulos do gênero. Tem uma bela capa cartão (supremo 250gr/m²) psicodélica, distorcida e colorida assinada pelo artista Luciano Drehmer (instagram:@drehmer) dentro de um traço que discretamente remete a sua época. Papel amarelado (Pólen Soft 250gr/m²) compõe 255 páginas dividido em 18 capítulos que facilmente o leitor absorve para sua biblioteca de livros lidos. Preço varia entre R$ 9,90 (e-book) até uma média de R$ 35,00.

VEREDITO

Vale. Eu que já li Asimov antes, percebi que O Fim da Eternidade é um livro que agrada tanto quem já adentrou na escrita do autor, como serve de porta de entrada para você conhecer este que faria nesse quase distópico 2020 a marca de 100 anos. Ou, como dizem Os Eternos, fisioanos.

 

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