O ano é 2010, a sétima geração de consoles, PlayStation 3 e Xbox 360, está chegando ao auge de performance e de jogos. Cada vez mais bem desenvolvidos, os games apresentam uma capacidade maior de imersão, principalmente no gênero de mundo aberto, no qual os desenvolvedores e artistas entregavam mapas cada vez maiores e jogos cada vez mais grandiosos, nesse contexto que surge, em 18 de maio de 2010, Red Dead Redemption, o jogo de faroeste da Rockstar que revolucionou não só a sétima geração de consoles, mas toda a indústria de jogos a partir dali.
O jogo foi lançado apenas dois anos após GTA IV (2008), mas aproxima-se muito mais de seu sucessor o GTA V (2013), além de ser o primeiro jogo de western a ter esse tamanho e importância dentro da indústria. Jogos com a temática de faroeste já eram comuns na indústria, no próprio Super Nintendo temos bons exemplos disso com os bons Wild Guns (1994) e Sunset Riders (1993), contudo apenas com o gigantesco poder de processamento da até então atual geração de consoles que em 2010 Red Dead Redemption revolucionou o gênero. Contudo essa ideia de revolucionar parece um pouco vaga. O que seria revolucionar o gênero? Pois bem, vamos pontuar algumas questões que ajudam a desenvolver esse raciocínio.
Em primeiro lugar, e mais óbvio, está o poder de processamento, Red Dead Redemption utiliza quase 100% da possibilidade de seus consoles. Na prática, isso significava uma mapa gigantesco, um dos maiores do mundo dos jogos até então, com a manutenção de gráficos bonitos e uma constância na taxa de quadros, sem falar nas constantes renderizações em tempo real as quais em nenhum momento deixou o jogo com aspecto feio ou com alguma queda de resolução. Isso possibilitou, por exemplo, a criação de um mundo rico e, até então, o mais fidedigno do western no mundo dos jogos. Só a cargo de curiosidade, a Rockstar trabalhou com todos os signos conhecidos do faroeste: duelos, brigas em bares, perseguição a cavalo, sequestro, missões envolvendo a fauna e a flora, como caçar determinados tipos de animais ou coletar plantas e sementes. Aliás, essas duas últimas características são tão levadas ao pé da letra pela a empresa que não seria um exagero afirmar que Red Dead Redemption seria quase um western simulator.
Aliados a todo esse mundo maravilhoso criado, temos a história principal do jogo, uma das melhores já feitas na história dos videogames com diversos pontos de virada e um desenvolvimento de personagem absurdo. É impossível terminar o jogo sem gostar ou torcer pelo protagonista da trama John Marston, um ex fora da lei que agora trabalha prestando serviços para as autoridades. Seu final é uma das coisas mais catárticas do mundo dos jogos e até hoje emociona. Sem contar que Red Dead Redemption conta com uma infinidade de missões secundárias: desde jogar poker em um bar, até resgatar pessoas em perigos ou caçar um bando fugitivo, passando por caçada a mapas do tesouro e histórias de cultura local como lendas indígenas e mexicanas. A trilha sonora, marca do gênero faroeste, também está presente aqui com trilhas marcantes, muitas ao estilo Ennio Morricone. Algumas casam tão bem com a narrativa do jogo que só de ouvi-las é possível recordar de determinada parte ou cena relevante.
Red Dead Redemption é um dos jogos mais importantes da Rockstar e da história dos videogames, foi ele que ditou tendência de jogos de mundo aberto e que pouco tempo depois, cerca de três anos, estourou com GTA V. Muito dos jogos estilo sandbox de hoje devem seu sucesso a esse jogo incrível lançado em 2010. Para além dos conceitos adotados, Red Dead Redemption apresenta uma história consistente e incrível, com um poder narrativo que pouco se viu depois, além de contar com uma trilha memorável e personagens cativantes. Mesmo 10 anos após seu lançamento, são poucos os jogos que conseguem apresentar um mundo tão rico e diverso quanto este jogo, um presente da Rockstar para os fãs de jogos bons e para os amantes de filmes de bang bang.
Atual Vice-presidente da Aceccine e sócio da Abraccine. Mestrando em Comunicação. Bacharel em Cinema e formado em Letras Apaixonado por cinema, literatura, histórias em quadrinhos, doramas e animes. Ama os filmes do Bruce Lee, do Martin Scorsese e do Sergio Leone e gosta de cinema latino-americano e asiático. Escreve sobre jogos, cinema, quadrinhos e animes. Considera The Last of Us e Ocarina of Time os melhores jogos já feitos e acredita que a vida seria muito melhor ao som de uma trilha musical de Ennio Morricone ou de Nobuo Uematsu.