Essa é a primeira obra da Clara Alves publicado por meio físico, pela editora Seguinte. A capa foi o que me chamou atenção pra esse livro. É um design que tem sido muito usado ultimamente, com traços mais simples, mas não deixa de ser eficaz na mensagem. Traduz muito bem a história, de como as duas personagens principais se relacionam e como existe um recorte na realidade, que nem tudo que está na internet é verdade.
Sobre o livro, nós seguimos o ponto de vista das duas personagens principais, a Raíssa e a Ayla. As duas moram no estado de São Paulo, em cidades que ficam a cerca de uma hora de distância uma da outra. Raíssa tem um pai gamer e uma mãe professora, e já no início do livro a autora nos apresenta a realidade de ser uma mulher gamer, como os homens as ignoram nas partidas em grupo ou, pior, só falam com elas com segundas intenções. E por estar sendo tão difícil se conectar com os outros jogadores do novo MMORPG “Feéricos”, ela decide fazer um perfil masculino.
Anos depois, Ayla começa a jogar Feéricos principalmente como uma válvula de escape para a situação tensa em casa entre os pais e a escola nova. Assim como Raíssa, ela se encontra na mesma posição desconfortável no jogo e é exatamente por isso que as duas se aproximam, pois ao longo dos anos Raíssa tenta (atrás do pseudônimo do Leo), ajudar jogadores novos.
O que vem a seguir é natural: as duas se apaixonam, Raíssa sabe que precisa contar a verdade a Ayla, mas não tem coragem e acaba se metendo em mais mentiras e confusões. Enquanto isso, Ayla se questiona se deve acreditar nesse garoto, nessa relação que foi construída só pela internet.
Um dos pontos mais fortes de Conectadas para mim é que as duas têm uma rede de apoio, a Raíssa tem dois melhores amigos, o Leo (sim, é ele o rosto do pseudônimo dela) e a Gabi. E a Ayla tem duas novas amigas no colégio novo, a Drica e a Vick, além da tia Sayuri. E os personagens secundários, principalmente o Leo, também têm vida, problemas e dramas próprios.
Eu aponto como ponto baixo o fato do livro estar centrado no universo geek, com direito a concurso de cosplay e uma feira à lá CCXP, mas faltar detalhamento dessas situações. Faltam as semanas de pesquisa e compra de material pro cosplay; dedos doendo de costurar os detalhes e se furar no processo; ou a multidão de uma convenção dessa magnitude. Não é possível que em três dias de feira eles não conversaram com sequer uma pessoa nova.
Esse definitivamente não é o primeiro livro sobre catfish que eu li, mas é um dos que tem mais personagens bem construídos. Além disso aborda a descoberta da orientação sexual das personagens de forma orgânica. Além das dúvidas, medos, e vivências adolescentes, como o preconceito velado dos pais e o preconceito nada velado dos colegas de ensino médio.
Finalmente, quero dizer que os textings entre os capítulos são ótimos, muito bem colocados. Sou extremamente tendenciosa, pois amo textings, mas esses além de dar uma visão melhor de como é a relação das duas no dia-a-dia e antes do tempo presente do livro, ainda me fez sorrir diversas vezes.
Conectadas é um livro fofo e leve, sobre amor próprio e descoberta, e ainda que aborde assuntos sérios, no fim é uma história reconfortante. É direcionado para um público jovem, afinal as personagens têm 16, 17 anos, mas acho que toda pessoa que já se apaixonou por outra na internet ou teve um namoro a distância pode se identificar.
DICA: Se você amou esse livro e agora não quer mais sair desse universo, minha dica de próxima leitura é Geekerela, da Ashley Poston, já traduzido para português e se você não se importa de ler em inglês, o segundo dessa série The Princess and the Fangirl.
Aquariana formada em Design – Moda, especialista em comédias românticas, Gerda é a nossa devoradora de livros oficial. Além de acompanhar mangás intermináveis, Gerda domina a arte de dar festinhas em casa e ser hair stylist dos amigos nas horas vagas