Paródias de Filmes – O ridículo que nós gostamos | Parte 2

Dando continuidade a série em duas partes dessa nossa passagem pelas paródias cinematográficas (leia a Parte 1 aqui), assim como Jason Friedberg e Aaron Seltzer, há também um segundo nome por trás de algumas produções que estouraram perante o público: Michael Tiddes. Tendo escrito roteiro para um curta, Crawl Space, em 2007, e também para o piloto da série Fred (2008 – 2010), foi em 2013, ao dirigir a sátira Inatividade Paranormal (A Haunted House) que Tiddes chamou atenção na indústria.

A comédia, como de praxe, tratou de parodiar filmes de terror, tendo como base Atividade Paranormal (Paranormal Activity, 2007), depois, contextualizando com títulos envolvendo temática de possessão e pegada de filmagem amadora e baixo orçamento como Filha do Mal (The Devil Inside, 2012) e O Último Exorcismo (The Last Exorcism, 2010). Poder trabalhar com a dupla de roteiristas Marlon Waynes, de Todo Mundo em Pânico (Scary Movie, 2000) e As Branquelas (White Chicks, 2004), e Rick Alvarez, de O Pequenino (Little Man, 2006),  se mostrou uma combinação que criou uma fórmula de sucesso, pois, em 2014, Inatividade Paranormal 2 (A Haunted House 2), que dessa vez satirizou Invocação do Mal (The Conjuring, 2013), Sobrenatural: Capítulo 2 (Insidious: Chapter 2), o remake A Morte do Demônio (Evil Dead, 2013), e ainda o filme que inspirou a chacota Atividade Paranormal: Marcados Pelo Mal (Paranormal Activity: The Marked Ones, 2014).

No ano seguinte, as coisas ficaram mais apimentadas com a sátira para Cinquenta Tons de Cinza (Fifty Shades of Grey, 2015) em Cinquenta Tons de Preto (Fifty Shades of Black, 2016). Como já esperado no nicho, as críticas foram negativas, mas alcançou uma bilheteria modesta. O que ninguém imaginava era que a Netflix ficaria com a próxima produção do tripé, Nu (Naked, 2017) que parodiou a comédia sueca Naken de 2000, a qual trazia um homem imaturo para aceitar responsabilidades e, no dia seu casamento, se depara pelado dentro de um elevador sem lembrar do que aconteceu.

A última empreitada do trio foi ano passado e nada teve a ver com paródia. Em Seis Vezes Confusão (Sextuplets, 2019) também distribuída pela Netflix, e trouxe Wayans interpretando o papel de gêmeos sêxtuplos, o que rendeu comparações para a duologia de comédia Vovó… Zona (Big Momma’s House, 2000) protagonizada por Martin Lawrence.


Herói, dança, killers e comédia eróticas adolescentes

Super-Herói: O Filme

Das idas e vindas de Peter Paker como Homem-Aranha no cinema, a versão comandada por Sam Raimi com certeza é a favorita dos fãs e público, tanto que em 2008, um dos roteiristas de Todo Mundo em Pânico 3 e 4, Craig Mazin, apostou no seu segundo trabalho como diretor numa paródia para Homem-Aranha (Spider-Man, 2002), o chamado Super-Herói: O Filme (Superhero Movie, 2008).

Seguindo uma estrutura resumida do longa de Raimi, a versão brincou com tudo (principalmente com a cena do beijo entre Peter e Mary Jane) da produção da Sony, e colocou Drake Bell para dar vida ao Rick Riker, um adolescente no ensino médio que foi picado por uma libélula e descobriu possuir super força, resistência e asas para combater o crime.

Ela Dança com Meu Ganso

Vira e mexe surge um filme ou outro abordando a cultura da dança. Muitos para serem facilmente esquecidos, alguns para serem lembrados e prestigiados como Cisne Negro (Black Swan, 2010) e Magic Mike (2012). Mas, antes desses, o que a gente via emplacar na Sessão da Tarde era algo mais como Hairspray: Em Busca da Fama (Hairspray, 2007), Dirty Dancing: Ritmo Quente (Dirty Dancing, 1987), Dança Comigo? (Shall We Dance, 2004) e o também conhecido Ela Dança, Eu Danço (Step Up, 2006). O queridinho estrelado por Channing Tatum e Jenna Dewan serviu como inspiração para a comédia Ela Dança com Meu Ganso (Dance Flick, 2009) que satirizou os filmes musicais com competições de dança, e inclusive, foi um adicional para a filmografia da família Wayne.

Stan Helsing

Escrito e dirigido por Bo Zenga, Stan Helsing (2009) foi feito especialmente para os fãs de slashers, amantes de locadoras, e apreciadores da cultura pop. Lançado em 2009, o longa trazia Steve Howey vivendo o personagem título do filme que, ao ser requisitado pelo chefe a fazer uma importante entrega da locadora de vídeo que trabalha, Stan e os amigos descobrem no caminho que a cidade foi atacada por vários ícones do subgênero do terror, tais como Jason Voorhees, Chucky, Michael Myers, Hellraiser, Freddy Krueger, Leatherface, e para sobreviverem, terão que esbarrar em grandes confusões. O longa também contou com referências a E.T.- O Extraterrestre (E.T. the Extra-Terrestrial, 1982), Superman: O Retorno (Superman Returns, 2006), Olhos Famintos (Jeepers Creepers, 2001) e Van Helsing, o Caçador de Monstros (Van Helsing, 2004).

Não é Mais um Besteirol Americano e Mais Um Besteirol ao Extremo

Nem mesmo os dramas adolescentes escaparam da sátira. Dirigido por Joel Gallen, Não é Mais um Besteirol Americano (Not Another Teen Movie, 2001) foi idealizado por cinco roteiristas e trouxe um baita elenco, contando com Chris Evans, Chyler Leigh e Jaime Pressly para protagonizar a homenagem sarcástica a filmes como 10 Coisas que Odeio em Você (10 Thing I Hate You, 1999), Ela é Demais (She’s All That, 1999), Mal Posso Esperar (Can’t Hardly Wait, 1998), Clube dos Cinco (The Breakfast Club, 1885), Teenagers: as Apimentadas (Bring It On, 2000), Um Crime Entre Amigas (Jawbreaker, 1999).

Mais Um Besteirol ao Extremo (Extreme Movie, 2008) foi responsável por satirizar as comédias mais eróticas que estouraram no meio adolescente, ou melhor dizendo, os filmes que falavam de sexo e fetiches de um jeito mais escroto. Como esquecer de  American Pie: A Primeira Vez é Inesquecível (American Pie, 1999), Show de Vizinha (The Girl Next Door, 2004), EuroTrip: Passaporte para a Confusão (EuroTrip, 2004), Caindo na Estrada (Road Trip, 2000), Dias Incríveis (Old School, 2003)?


Guerra, Kung Fu e Faroeste

Trovão Tropical

Ainda que tenha sido criticado pelo tom ofensivo no humor, Trovão Tropical (Tropic Thunder, 2008) chamou atenção pelo marketing e trama bastante criativa que parodiou os filmes de guerra americanos, num contexto metalinguístico e pelo elenco atrativo. Na produção, Ben Stiller, Jack Black e Robert Downey Jr. protagonizaram como o trio principal de um filme sobre a Guerra no Vietnã, e após serem enviados pela selva diante da frustração da equipe, eles tiveram que se virar nos 30 e aplicar o aprendizado do set de gravações para sobreviverem.

Kung Fusão

Esse certamente é um clássico. Lembrado por combinar humor, artes marciais e exageros cartunescos, Kung-Fusão (Kung Fu Hustle, 2004) foi um sucesso de crítica e bilheteria. A história trazia a complexa guerra de gangues em Xangai, enquanto Sing (Stephen Chow, e também diretor do filme) e Bone (Tze-Chung Lam) dois melhores amigos, tentavam entrar para uma das gangues mais temidas e famosas, a Gangue do Machado. Em suma, o filme serviu como uma paródia às produções de artes marciais.

Um Milhão de Maneira de Pegar Na Pistola

Por último, lembremos a, não tão bem recebida, aposta de Seth MacFarlane, Um Milhão de Maneira de Pegar na Pistola (A Million Ways to Die in the West, 2014), a qual trouxe uma treta de cônjuges no faroeste enquanto parodiava o gênero western. Uma boa curiosidade foi a participação especial de Jamie Foxx reprisando o personagem Django, de Django Livre (Django Unchained, 2012).

O gênero de comédia e paródia é bem expansivo. Sentiu falta de alguma produção? Nos conte nos comentários.

Veja também a Parte 1 aqui.