Eu nunca fui muito fã da franquia de jogos Sonic. Quando criança, lá no final da década de 80 e início de 90, todos os videogames que passavam por mim eram da Nintendo. Claro que conhecia o ouriço azul, tanto pelas revistas da época como por frequentar ambientes de locadora de jogos. Mesmo com essa falha em minha vida de jogador de videogames, não deixei de me emocionar logo nos créditos iniciais de Sonic: O Filme (Sonic the Hedgehog, 2020). A partir daquele momento, eu sabia que o que eu estava prestes a ver já teria um lugar no meu coração e faria eu ter vontade de jogar todos os jogos clássicos do ícone da SEGA.
Particularmente, curto filmes que têm a premissa simples. Que sabe a história que quer contar e que não se arrasta por ela. Não cria diversos subterfúgios para a narrativa com o intuito de deixá-la mais robusta, disfarçando um roteiro preguiçoso (alô Dolittle?). Não estou dizendo que o roteiro do filme do Sonic é perfeito. Longe disso, há sim acomodações narrativas e repetições, há duas cenas que tem praticamente a mesma função, além disso, sempre há um retorno em certos pensamentos, sobretudo nos sentimentos do personagem principal, contudo isso é realizado com o intuito de avançar a história, portanto mesmo com esses defeitos o roteiro do filme caminha para frente. Claro que aliado a isso, temos um personagem extremamente carismático pela frente. Além de uma base de fãs consolidadas desde a década de 90, o filme conta com bons atores e com o retorno de Jim Carrey a indústria do cinema.
Aliás, deve-se tirar o chapéu para quem teve a ideia de chamar um cara como Carrey para o casting do filme. Além de adicionar excelentes cenas de humor, ele manda bem ao interpretar o vilão do filme que é, ao mesmo tempo caricato e malvado. O elenco de apoio também é muito bom e rola uma química muito boa entre os personagens, facilitando bastante as piadas do filme, que em sua maioria funcionam. O CGI funciona na maior parte do tempo, mas em um filme em que o personagem é um ouriço azul não podemos exigir a perfeição, tudo que posso dizer é que não compromete a experiência. A trilha sonora musical também é bem legal e animada, nada que se sobressaia, mas com certeza complementa a experiência fílmica.
Sonic: O Filme é talvez a melhor adaptação de um jogo para o cinema, justamente por tentar fugir um pouco da estética de videogame e buscar um tom mais aventuresco e de ação, que é completamente sustentável ao longo de suas quase 1h40. O maior mérito do filme, sem dúvida, é seus personagens e elenco, além de seu roteiro simples e funcional. Para um filme de origem ele cumpre seu papel de reverenciar velhos fãs do ouriço azul e apresentar o personagem à um novo público que não está acostumado com os jogos da SEGA.
Atual Vice-presidente da Aceccine e sócio da Abraccine. Mestrando em Comunicação. Bacharel em Cinema e formado em Letras Apaixonado por cinema, literatura, histórias em quadrinhos, doramas e animes. Ama os filmes do Bruce Lee, do Martin Scorsese e do Sergio Leone e gosta de cinema latino-americano e asiático. Escreve sobre jogos, cinema, quadrinhos e animes. Considera The Last of Us e Ocarina of Time os melhores jogos já feitos e acredita que a vida seria muito melhor ao som de uma trilha musical de Ennio Morricone ou de Nobuo Uematsu.