Hoje estreia da nova temporada de Altered Carbon (2018 -) na Netflix, se você tá querendo assistir mas não viu a 1ª temporada ou se viu e tá com a memória fraca, fica ligado nesse flashback (sem spoilers).
Bem, pra quem não viu, essa série é inspirada no romance homônimo de Richard K. Morgan, adaptada para TV por Laeta Kalogridis, ela tem como pano de fundo um futuro distópico e narra a história de Takeshi Kovacs vivido por Joel Kinnaman, o Rick Flag de Esquadrão Suicida (Suicide Squad, 2016), acordando depois de 250 anos na “geladeira”, em um mundo onde, graças aos avanços tecnológicos, as pessoas se tornaram imortais, ou assim elas acham.
A tal revolução tecnológica por trás desse “milagre” é a reencapação, sua “consciência” é digitalizada e transferida para um cartucho que fica alojado na base da sua nuca. Assim, quando seu corpo “original” morre, você pode ser reinserido em um novo corpo, pode ser de outro sexo, outra idade e por aí vai.
A sociedade evoluiu, mas não houve nenhuma mudança naquela velha dinâmica entre as classes, quem tem mais poder são os ricos, que possuem várias capas (corpos sobressalentes) e podem ser reencapados através de um sistema de backup online caso sua capa e seu cartucho sejam destruídos, já os menos favorecidos, recebem capas de qualidade duvidosa.
Depois dessa breve introdução, voltamos para a história, Takeshi, um ex-revolucionário, com habilidades conhecidas por todos no mundo, é acordado com a missão de descobrir quem tentou matar Laurens Bancroft (James Purefoy), um dos ricaços petulantes que se veem como deuses nessa sociedade, permanentemente, já que a tentativa de assassinato aconteceu antes do processo de backup, fazendo com que a memória daquele dia fosse apagada.
Daqui pra frente, a história se desenrola com vários flashbacks, muitos deles ocorrem enquanto a ação se desenrola, oferecendo pistas, apresentando locais, background de personagens, entres outras informações, então, é preciso ter uma certa atenção, senão você corre o risco de ficar “boiando” na trama.
Se tem um personagem de apoio que se destaca, esse é o Poe (Chris Conner), uma AI, dona do Hotel “O Corvo”, claras referências ao escritor Edgar Allan Poe, um dos pioneiros na literatura de terror. Suas falas, maneirismos, bem como a dinâmica entre ele e Kovacs são uma das coisas mais legais da série. Vocês ainda vão encontrar espalhadas pela série referências ao universo sci-fi e do terror, tem Blade Runner, Ghost in the Shell e muitas outras.
Altered Carbon, aborda temas variados, desigualdade, honra, confiança e relações familiares, e deixa uma reflexão sobre essa ambição que a sociedade tem em encontrar através da tecnologia, uma maneira de existir pra sempre, de evitar o inevitável e nos faz pensar se estamos preparados para essa realidade e se vale a pena abrir mão da nossa “humanidade” em troca da imortalidade.
Vale a pena conferir, é uma série tranquila de assistir e quando você se der conta, já terminou. Então, preparados para serem reencapados na capa do Sr. Kovacs e descobrir onde vai dar a “toca do coelho”?
Redator publicitário, editor de textos, apaixonado por cinema. Curto os clássicos dos anos 80, gosto de Star Trek e Star Wars – sim é possível gostar dos dois – fã de Senhor dos Anéis, sempre disposto a maratonar uma série, ler uns quadrinhos, e gastar os dedos em algum game. Em dúvida se sou um convidado ou anfitrião nessa vida à la Westworld. Atualmente questionando a natureza da própria realidade.