No último domingo, dia 22 de setembro, as minhas duas séries favoritas fizeram aniversário de lançamento: Lost (2004 – 2010) e Friends (1994 – 2004), 15 e 25 anos, respectivamente. Apesar desse fato não significar nada além da clara coincidência, aniversários geralmente são momentos propícios para a reflexão e a data me levou a pensar sobre as séries, me instigando a tentar traçar paralelos, mesmo que muito distantes, entre as duas. Será que elas teriam algum ponto de convergência? Isto é, além do número de haters, sempre correspondente ao número de fãs?
As diferenças, por sua vez, são gritantes e não carecem de investigação. Os programas não são do mesmo gênero, nem do mesmo formato, nem mesmo se passam no mesmo lugar. Então, como podem ter algo em comum? Bom, talvez elas não tenham mesmo. Entretanto, é seguro dizer que há, pelo menos, algo de semelhante entre o refrão de I’ll Be There For You, da icônica abertura de Friends tocada por The Rembrandts, e um dos muitos motes de Lost, “if we can’t live together, we’re going to die alone. ” Para mim, a mensagem é a mesma, nenhum homem é uma ilha, ninguém consegue sozinho.
Se cerca de dois terços do aprendizado humano derivam da interação social e se a maioria da nossa interação social ultimamente vem da internet e de programas que consumimos, é importante que séries que valorizem a importância de viver em uma comunidade, seja ela um grupo de sobreviventes de uma queda de avião ou um grupo de jovens novaiorquinos viciados em café, continuem a reverberar ano após ano. As obrigações das pessoas umas com as outras, as dores, as alegrias, amores e as grandes decisões compartilhadas, as nossas relações, os nossos laços, as conexões que fazemos em vida, tudo isso faz parte dessas séries, isso se não for exatamente a essência delas, cada uma a sua maneira, óbvio.
Evidentemente que elas não são as únicas, muitas outras poderiam estar neste balaio. Mas, essas em especial foram as culpadas para que eu mesma viesse a valorizar essas coisas todas, então é delas que eu estou falando. E mesmo que eu esteja esticando a baladeira, essas séries me fazem lembrar do quanto precisamos das pessoas, para entende-las, para aprender com elas, para ensinar, para crescer. Num mundo cada vez mais indiferente é absolutamente urgente se lembrar disso. O que nos torna humanos são os outros, sejam eles nossos amigos mais íntimos, ou desconhecidos com os quais precisamos aprender a conviver.
Roteirista e podcaster bacharel em Cinema e Audiovisual. Ex-potterhead. Escuta música triste pra ficar feliz e se empolga quando fala de The Last of Us ou Adventure Time. É viciado em convencer as pessoas a assistirem One Piece, apreciador dos bons clássicos da Sessão da Tarde e do Cinema em Casa e, acima de tudo, um Goonie genuíno.