VEJA MULHERES | 5 Filmes dirigidos por mulheres para ver em Junho

O Mau Exemplo de Cameron Post

(The Miseducation of Cameron Post, 2018)

Direção: Desiree Akhavan

O filme se passa o início dos anos 90. Cameron (Chloë Grace Moretz), uma estudante colegial, é forçada a ir para um acampamento de terapia de conversão homossexual depois de ser flagrada com sua namorada após o baile de formatura.  

Esse é o segundo longa-metragem de Desiree Akhavan e segue uma linha bem diferente de seus trabalhos anteriores, que se centravam mais em comédias dramáticas vividas por jovens adultos que moram em grandes cidades. Ela permanece, porém, falando sobre a descoberta da sexualidade.

O longa trata de uma maneira sensível e ao mesmo tempo violenta sobre a terapia de conversão homossexual, movimento e prática que foram muito comuns nos anos 90 nos EUA e que ainda existem hoje em dia. Apesar de vermos esse mundo através dos olhos de Cameron, o filme permite que hajam outras visões e vivências sobre o assunto, tais como a de seus colegas e até dos terapeutas que trabalham no acampamento.


Lovesong

(2016)

Direção: So Yong Kim

Entediada e negligenciada pelo marido que trabalha longe de casa, Sarah (Riley Keough) embarca em uma viagem de carro com a filha e sua melhor amiga, Mindy (Jena Malone), que há muito tempo não via. Durante a improvisada jornada a dinâmica das duas mulheres se intensifica e ganha novas camadas, mas circunstâncias acabam por separá-las. Tempos depois, Sarah e Mindy têm a chance de se reencontrar e se reconectar por causa de um casamento.

Provavelmente o mais interessante desse filme é maneira como So Yong Kim deixa sempre borrado que sentimentos exatamente Sarah e Mindy nutrem uma pela outra. A diretora faz bom uso dos silêncios entre os atores para compor esse clima. Aliás, a relação entre atores/personagens é muito bem trabalhada no filme.


Jovem Aloucada

(Joven y Alocada, 2014)

Direção: Marialy Rivas

Daniela (Alicia Rodriguez) é uma jovem de 17 anos que teve uma rígida criação no seio de sua família evangélica. A rebeldia e a frustração, próprias de sua idade, a leva a viver uma vida pautada em aventuras sexuais que são narradas em um blog. Uma dessas aventuras é descoberta e a menina é expulsa do colégio e proibida pela família de prestar o vestibular. Como castigo, sua mãe (Aline Kuppenheim), impõe que a jovem trabalhe em uma emissora que produz programas gospel, onde ela conhece Thomas (Felipe Pinto) e Antônia (Maria Gracia Omegna). A relação com Thomas e Antônia, potencializará os questionamentos existenciais de Daniela, intensificando também as suas experiências individuais frente à vida.

O filme foi baseado em fatos reais a partir de textos do blog que Camila Gutierrez manteve por muito tempo contando suas aventuras e descobertas. Marialy Rivas traz, além da já comum jornada de descoberta adolescente sexual/homossexual, a descoberta bissexual e todas as contradições que isso traz. O longa é rápido, sagaz e sem pudores como sua protagonista. Vale à pena para quem está procurando uma história divertida e que ao mesmo tempo suscita discussões.


Divinas Divas

(2016)

Direção: Leandra Leal

Rogéria, Valéria, Jane Di Castro, Camille K, Fujika de Holliday, Eloína dos Leopardos, Marquesa e Brigitte de Búzios formaram, na década de 1970, o grupo de travestis que testemunhou o auge de uma Cinelândia repleta de cinemas e teatros. O documentário acompanha o reencontro das artistas para a montagem de um espetáculo, trazendo para a cena as histórias e memórias de uma geração que revolucionou o comportamento sexual e desafiou a moral de uma época.

O documentário ao mesmo tempo que resgata a história de um lugar e dessas pessoas, tem um tom afetivo para a diretora. Leandra Leal é filha dos donos de um dos teatros – o teatro que é locação principal do filme – onde todas as artistas costumavam se apresentar. As memórias da diretora se encontram com os relatos de suas personagens e criam uma outra camada para narrativa.


The Watermelon Woman

(1996)

Direção: Cheryl Dunye

Cheryl (Cheryl Dunye) é uma jovem, negra e lésbica, que trabalha na Filadélfia com sua melhor amiga Tamara (Valarie Walker) e está consumida pelo projeto de um filme: fazer um vídeo sobre sua busca por uma atriz negra da Filadélfia, que apareceu em filmes na década de 30 e ficou conhecida como a Mulher Melancia. Seguindo várias dicas, Cheryl descobre o nome real da Mulher Melancia e supõe que a atriz teve um longo caso com Martha Page, uma mulher branca e uma das poucas diretoras de cinema mulheres de Hollywood. Enquanto ela faz essas descobertas, Cheryl se envolve com Diana (Guinevere Turner), que também é uma mulher branca.

O filme teve sua estreia no Festival de Berlim e ganhou o Teddy Awards, prêmio dado para o melhor filme com temática LGBT+, daquele ano. Cheryl Dune além de dirigir, interpreta a protagonista do filme. Nessa história em específico, isso faz com que as jornadas da personagem, diretora e atriz se confundam. E isso é muito importante, pois Cheryl fala aqui sobre aquelas sobre as quais não se falam, sobre aquelas que não são representadas, pessoas como ela própria: mulheres, negras e lésbicas.