VEJA MULHERES | 5 Filmes dirigidos por mulheres para ver em Maio

Suprema

(On the Basis of Sex, 2019)

Diretora: Mimi Leder

Amblin Partners – Participant Media – Robert Cort Productions / Reprodução

Felicity Jones interpreta Ruth Bader Ginsburg, segunda mulher na história a integrar a suprema corte dos Estados Unidos. O filme acompanha a formação acadêmica e os primeiros passos que Ruth tomou em seu caminho para se tornar juíza. Quase como um filme daqueles de origem de um super-herói. Vemos a protagonista enfrentar todo o tipo de dificuldade que nós encaramos todos os dias na nossa vida profissional pelo simples fato de sermos mulheres. Por mais que o filme seja baseado em uma história real, podia-se ter escolhido falar da Ruth já juíza, mas optou-se por falar de como foi difícil advogar em primeiro lugar. Ainda mais se falando de um Estados Unidos dos anos 60-70 onde a misoginia é lei.


A Hora Mais Escura

(Zero Dark Third, 2013)

Diretora: Kathryn Bigelow

Columbia Pictures -Annapurna Pictures – First Light Production / Reprodução

Inspirado na real história da caçada ao homem mais procurado do mundo, Osama Bin Laden. O filme segue Maya (Jessica Chastain), uma agente da CIA que atua no interrogatório de prisioneiros ligados à Al Qaeda.

A diretora aborda novamente a vida dos soldados e agentes americanos no Afeganistão, assim como fez em Guerra ao Terror (The Hurt Locker, 2008). Apesar de seu filme anterior ter sido mais bem sucedido na temporada de premiações, considero pessoalmente esse bem mais interessante. O filme, além de ter mais ritmo e uma trama que tem mais ação, conta com personagens mais desenvolvidos e com os quais temos mais facilidade de nos relacionar. Além disso, há mulheres. Maya é uma das únicas mulheres que fazem parte da operação e podemos ver o quanto ela tem que se esforçar para provar que merece estar ali tanto quanto os outros. Bigelow desenvolve melhor também, na minha opinião, a questão do isolamento, por causa da distância da terra natal,  e a consequente obsessão pela “guerra ao terror” que esses profissionais desenvolvem.


Cafarnaum

(2018)

Diretora: Nadine Labaki

Mooz Films / Reprodução

Depois de fugir de seus pais negligentes e abusivos e cometer um crime violento, um esperto garoto libanês de doze anos é condenado a cinco anos de prisão. Como protesto contra a vida que lhe foi imposta, ele processa seus pais por eles terem deixado ele nascer.

Um filme difícil de se assistir por causa da crueza com que Labaki trata da realidade vivida por seu protagonista e por tantas outras crianças. O longa tem um teor de forte crítica social e toca em vários temas além da negligência parental, tais como a vida dos refugiados no país. Apesar de se construir certa antipatia para com os pais do protagonista e eles não terem um arco de redenção, o filme mostra também como o comportamento dos adultos é fruto de uma estrutura social opressiva. Nadine Labaki dá a chance de vermos aqueles que são invisíveis aos nossos olhos no dia-a-dia.

Vale ressaltar sobre o longa o grande trabalho com o elenco – quase inteiramente composto por não-atores. A diretora optou por filmar as cenas em cima do improviso de seus atores, dando apenas indicações do teor da cena. Em entrevista, Labaki fala que por causa disso, eles repetiam exaustivamente cada cena até que se chegasse no resultado desejado. E ela conseguiu. A atuação do elenco é impressionante.   


O Processo

(2018)

Diretora: Maria Augusta Ramos

Conijn Film – Enquadramento Produções – Nofoco Filmes / Reprodução

A crise política que vivemos no Brasil iniciou-se em 2013 e teve como uma de suas consequências, e também uma de suas etapas, o impeachment da então presidente Dilma Roussef. O documentário de Maria Augusta Ramos acompanha o processo no Senado Federal que culminou na destituição de Dilma.

Utilizando-se de recursos que fogem do formato tradicional do gênero, entrevista e narração, a diretora nos coloca no meio dos bastidores, do que foi um espetáculo para a mídia brasileira, como espectadores privilegiados por ver a ação tão de perto.

A diretora teve acesso não só às sessões no Senado, bem como às reuniões da defesa


 Domando o Destino

(The Rider, 2018)

Diretora: Chloé Zhao

Caviar – Highwayman Films / Reprodução

Brady Blackburn (Brady Jandreau), uma estrela em ascensão do circuito de rodeio, vê seus dias de competição acabarem depois de sofrer um trágico acidente de equitação e tenta se adaptar a sua nova vida. Apesar de se passar no Oeste dos Estados Unidos e tratar de um mundo masculino que quase sempre é muito tóxico, Zhao consegue extrair a delicadeza e a fragilidade que existem ali e se escondem por trás da máscara do macho alfa.

A dificuldade de encarar os próprios sentimentos e processá-los é uma das principais decorrências do modelo de masculino idealizado pela nossa sociedade. A diretora resolve então colocar isso como cerne do crescimento de seu protagonista. Brady não sabe lidar com o sentimento de vazio que toma conta de si por causa dessa grande mudança. É difícil seguir em frente quando aquilo que o define lhe é tirado de maneira tão abrupta. Ao invés porém de incentivar que ele enterre esses sentimentos, os homens ao seu redor o encorajam a seguir em frente e o acolhem enquanto o caubói aprende a ser outra coisa que não só um caubói.