RESENHA | A Vida, o Universo e Tudo Mais, de Douglas Adams

Hoje é dia 25 de maio de 2019 e se você não sabe que estamos no Dia da Toalha você provavelmente deixou de conhecer uma das mais importantes obras de ficção da literatura ocidental.

“Foi então que ele concebeu seu objetivo, aquilo que o faria prosseguir e que, até onde podia compreender, iria fazê-lo prosseguir para todo o sempre. Era o seguinte: Iria insultar o Universo. Isto é, iria insultar todos no Universo. Individualmente pessoalmente e – esse foi o ponto no qual realmente decidiu se empenhar – em ordem alfabética. Quando as pessoas reclamavam com ele, como já tinham feito, que o plano não somente era mal-intencionada como também completamente impossível, devido ao número de pessoas que nasciam e morriam sem parar, ele simplesmente as encarava com um olhar gélido e dizia: – Um homem tem o direito de sonhar, não é?”

Ler Douglas Adams pode ser uma experiência bastante peculiar. Em um momento da trama as personagens estão viajando em uma nave com um motor de improbabilidade infinita, em outro estão jantando em um restaurante onde a vaca corta a própria carne e pergunta qual pedaço de sua preferência. No fim de tudo ainda pode existir muita viagem no tempo envolvida e robôs com crise existencial. Além é claro de um dos meus personagens preferidos que, sendo uma das poucas criaturas imortais do universo, decidiu xingar, em ordem alfabética, todo e qualquer outro ser vivo que existe ou existirá. Permeando todo esse humor ácido existem críticas bem contundentes a sociedade, principalmente inglesa, do século XX. O autor tem uma característica única de tecer essas críticas sem que o leitor perceba as suas intenções, por trás da piada sobre um restaurante bizarro está a crítica a indústria alimentícia, por exemplo e por aí vai. O terceiro volume da trilogia de cinco não decepciona em nenhum desses aspectos, já nas primeiras páginas a trama se desenvolve de maneira cômica e perfeitamente ilógica, como gostamos, como ele sabia fazer tão bem.