Para comemorar a chegada de
Capitã Marvel (Captain Marvel, 2019), o primeiro filme do MCU exclusivamente protagonizado por uma personagem feminina lançado neste mês, decidi fazer uma coletânea de textos sobre as outras personagens presentes no
Universo Cinematográfico da Marvel e como as histórias vistas nas telonas podem ser muito diferentes daquelas lidas nos quadrinhos. Mesmo sabendo que é disso que se trata uma adaptação, não é?
Começando pela própria, a primeira personagem feminina a ter um papel importante (não apenas um rostinho bonito) num filme de herói da Marvel,
Pepper Potts. A personagem foi interpretada por Gwyneth Paltrow em todos os filmes onde mostrou as caras, desde
Homem de Ferro (Iron Man, 2008) até o mais recente
Vingadores: Guerra Infinita (Avengers: Infinity War, 2018).
Semelhante aos quadrinhos, Pepper era a secretária de Tony Stark, mas diferente do universo cinematográfico, ela não deixou de ser secretária do Homem de Ferro para se tornar CEO da sua empresa, pelo menos não num curto período de tempo como nos filmes (mas devemos consider os anos trabalhados por Pepper antes de Homem de Ferro também). Nos quadrinhos Pepper Potts se casou com Happy Hogan (nos filmes interpretado pelo diretor do primeiro filme, Jon Favreau) e ambos se afastaram de Tony e de sua vida.
Nos quadrinhos o romance de Pepper com Happy sempre foi um dos obstáculos entre a ruiva e Tony Stark. Isso porque além de amar Pepper, o Homem de Ferro também tinha em Happy Hogan o seu melhor amigo (junto do Rhodes) e esse era o conflito. Termina se tratando, então, daquela velha história machista de sempre, em que a mulher é alvo das competições dos homens, menos sobre a mulher em si e mais sobre os homens objetificando essa mulher em nome do ‘amor’. Os filmes conseguiram escapar disso, até o último filme da franquia,
Homem de Ferro 3 (Iron Man Three, 2013) onde Pepper é tratada pelo antagonista como um prêmio a ser vencido.
No final a relação de Pepper com Happy não dá certo, pois ela o trai com um colega de faculdade. Os dois voltam, Happy entra em coma e eventualmente morre.
Foi apenas muito depois, seguindo eventos da Guerra Civil (nada comparada à briguinha de aeroporto vista no filme de 2016) e da Invasão Secreta (possivelmente a próxima grande saga da Marvel depois da apresentação dos Skrulls em ‘Capitã Marvel’) que Tony fez de Pepper a CEO das Indústrias Stark. E, diferente dos filmes, ele não o fez porque estava morrendo, mas por estar sendo procurado pelo diretor da SHIELD da época pelas informações dentro de seu cérebro. (Quadrinhos, né?)
Além de ser a CEO de uma das maiores indústrias dos quadrinhos, Pepper também possui sua própria armadura. Mas antes de chegar lá é importante ressaltar o fato dela já ter agido como parte de um grupo de heróis antes mesmo da armadura, sob o codinome ‘Hera’. Isso mesmo, como a deusa do Olimpo. Isso aconteceu durante a época depois da Guerra Civil, onde o Governo Americano tinha um grupo de heróis agindo em cada estado. ‘Hera’ coordenava a ‘Ordem’ na California. Pepper usava próteses e equipamentos avançados para monitorar e coordenar o grupo.
Isso nos leva até a Resgate. Pepper voltou a trabalhar para Tony Stark e com isso ela foi vítima de um ataque terrorista causado por Ezequiel Stane (basicamente o filho do vilão do primeiro filme porque nos quadrinhos se você mesmo não volta, um filho ou neto seu volta para te vingar). O ataque deixa Pepper vulnerável e quase a mata, por isso é necessário um procedimento semelhante ao sofrido por Tony após ter os fragmentos alojados perto de seu peito. Basicamente ela passa a ter um imã no peito dela, parecido com o reator arc, para continuar vivendo.
Já com esses implantes e como CEO durante uma época onde Tony estava fugindo da SHIELD, Pepper descobre no antigo laboratório de Stark uma sala secreta e lá dentro uma armadura feita especialmente para ela. Seu codinome? Resgate. E assim ela o faz, não apenas com Tony Stark, mas de outros heróis em diversas ocasiões em especial é ela a responsável pelo vírus implantado nos comandos da HAMMER (comandada por Norman Osborn durante o evento ‘Reino Sombrio’) que a permite controlar todas as armaduras aprendidas por eles no momento.
Ao longo da saga Reino Sombrio, Pepper enfrenta a Madame Máscara como Resgate e também personifica a mesma para se aproximar de Norman Osborn e descobrir seus planos. O momento onde Pepper se revela para Norman é exatamente o momento onde ela é forçada a fazer o mesmo para salvar Natasha Romanoff, a Viúva Negra, e Maria Hill.
Ao longo da história dos quadrinhos, Pepper esteve presente em inúmeros eventos e inclusive lutou contra Tony Stark após ele ter sido transformado um vilão em dado momento. Além do mais, ela fez de sua missão apresentar-se a Riri Williams – a Coração de Ferro – e também informar sobre os perigos da vida de super herói. Ela também é responsável por incentivar à jovem a ficar com o laboratório de Tony Stark quando lhe é ofertado. Pepper lutou contra o Império Secreto, quando o Capitão América se tornou um nazista e fez muita coisa errada que eu nunca vou perdoar. Talvez assunto para outro texto…
Mesmo que tenha sido dada a Pepper uma armadura e ela também tenha se mostrado capaz de muitas coisas em diversas ocasiões, ainda falta um longo caminho para a personagem receber a devida atenção e mérito nos quadrinhos. Escritores precisam reconhecer o fato de o Tony ter sido importante para a história da Pepper, mas ele não é o centro do universo dela. Afinal, ela vai lá e resgata.
Resta ver se nos cinemas vamos ter algo semelhante porque ter passado pela experiência que é ‘Homem de Ferro 3’ e não ter tido o prazer de ter visto a Gwyneth Paltrow ganhar a própria armadura realmente deveria ser considerado algum tipo de crime. Será que a personagem pode ter alguma relação com o ‘Resgate’ de Tony Stark em Vingadores: Ultimato (Avengers: Endgame)?
Cineasta graduade em Cinema e Audiovisual, produtore do coletivo artístico independente Vesic Pis.
Não-binarie, fã de super heróis, de artistas trans, não-bináries e de ver essas pessoas conquistando cada vez mais o espaço. Pisciano com a meta de fazer alguma diferença no mundo.