Bounty (Recompensa) é o título do episódio dessa semana de The Walking Dead, mas mal sabia eu que quem seria recompensado seriam os fãs da série com um episódio bem construído emocionante e com um gostinho das temporadas passadas. É possível que eu esteja levantando muito a bola depois da nona temporada ter se mostrado cada vez mais desastrosa? Sim. Mas também é possível que os produtores realmente tenham conseguido retomar a fórmula certa para o andamento da série, e isso me deixa muito esperançosa para os episódios que virão a seguir.
Comecemos com o núcleo de Hilltop, que lidou com a ameaça de Alpha (Samantha Morton) e dos Sussurradores durante o episódio. Diferente do que normalmente vinha acontecendo em TWD, esse confronto não se arrasta, mas também não minimiza a potência de Alpha e de seus subordinados. Os Sussurradores são mais organizados do que se pensa, e sua lealdade cega à Alpha faz com que eles se tornem muito perigosos. No episódio dessa semana, Alpha está em busca de recuperar sua filha, Lydia (Cassady McClincy), atualmente prisioneira em Hilltop. Ela propõe uma troca: a vida de Lydia pelas vidas de Alden (Callan McAuliffe) e Luke (Dan Fogler). Isso coloca os moradores de Hilltop numa posição difícil, principalmente Tara (Alanna Masterson), Daryl (Norman Reedus), Yumiko (Eleanor Matsuura), Enid (Katelyn Nacon) e Henry (Matt Lintz), já que para terem seus amigos de volta eles precisam entregar Lydia de volta aos abusos da mãe.
Dentro desse núcleo, a ação se foca principalmente entre Daryl e Alpha, Henry e Lydia, e também em Connie (Lauren Ridloff), que ficou presa para o lado de fora de Hilltop quando os Sussurradores chegam. Antes de qualquer coisa, gostaria de ressaltar aqui a atuação impecável de Lauren Ridloff, intérprete de Connie. A personagem finalmente ganha o destaque merecido nesse episódio, que trabalha bem sua falta de audição como ferramenta narrativa. Ao final de “Recompensa” fica claro que podemos esperar mais ação da parte de Connie, já que ela se torna parte essencial do desenvolvimento da trama, e isso novamente nos deixa animados para acompanhar os próximos episódios.
Tendo dito isso, toda a dinâmica entre Henry e Lydia é batida e já foi apresentada na série antes. Ele se afeiçoou a garota e quer protegê-la a todo custo, mesmo que isso coloque em perigo a vida de todos em Hilltop. Lydia, entretanto, se mostra mais uma vez uma personagem complexa, e podemos esperar que ela traga uma grande movimentação para a narrativa durante o restante da temporada. Daryl também desenvolve seu relacionamento com Henry ao ter que conversar com o garoto sobre “continuar vivendo” mesmo após terem sido feitas escolhas difíceis, e mais uma vez somos lembrados dos ataques que aconteceram em Alexandria em algum ponto durante esses 6 anos. É possível que esse mistério se resolva logo.
O segundo núcleo apresentado no episódio é o do Reino, e acompanhamos Ezekiel (Khary Payton), Carol (Melissa McBride), Jerry (Cooper Andrews) e outros soldados durante uma missão para adquirir uma lâmpada de projetor para a feira das comunidades. Ezekiel ainda está convicto de que a feira irá ajudar que o sentimento de família se reinstale entre eles, e alheios à morte de Jesus e ao embate com os Sussurradores, o Reino continua a organizar as atrações à todo vapor. Durante o desenrolar deste núcleo, vemos pela primeira vez a constituição das 5 comunidades (Alexandria, Hilltop, Reino, Santuário e Oceanside) escrita por Michonne ainda na época em que Rick liderava Alexandria. Ela nunca chegou a ser assinada pelos líderes de cada comunidade, e novamente os ataques que ocorreram em Alexandria após a morte de Rick são trazidos à tona, mas Ezekiel permanece otimista e acredita que essas assinaturas acontecerão durante a feira entre as comunidades. O otimismo e a ingenuidade de Ezekiel contrastam com o instinto de sobrevivência de Carol, e a dinâmica entre os dois carrega bem o episódio, assim como o desenvolvimento de Jerry cativa a audiência e nos deixa ansiosos para acompanhar mais.
No geral, o episódio trabalhou bem as tramas em paralelo, sabendo utilizar os picos de tensão na hora certa e cativando o espectador como já não fazia há muito tempo. Independente disso, ainda falta chão para que, de fato, se esqueçam os fiascos dos últimos anos em The Walking Dead. Agora é esperar para ver, e torcer que os episódios seguintes sejam tão satisfatórios quanto esse foi.
Graduada em Cinema e Audiovisual. Roteirista, produtora, feminista e a pisciana mais ariana do mundo. Fã de Buffy, Harry Potter e Brooklyn 99, Gabi passa seu tempo ensinando que não se deve sentir vergonha das coisas que gostamos, nem deixar de questionar as coisas só porque gostamos delas.