Desde as primeiras informações sobre a nova série da Patrulha do Destino (Doom Patrol, 2019 -) foi anunciado que um novo membro estaria se juntando ao grupo, conhecido por seu papel nos quadrinhos dos Jovens Titãs – o Ciborge. Depois do fracasso das bilheterias do filme da Liga da Justiça (Justice League, 2017), o spin off planejado do herói parece ter sido esquecido dentro dos arquivos e planejamentos conturbados da Warner e agora o personagem foi introduzido nessa nova encarnação interpretado por Jovian Wade.
Enquanto fomos introduzidos ao resto da Patrulha do Destino, os membros que eram abrigados por Niles Caulder, assim como vimos o ‘Chefe’ (interpretado por Timothy Dalton) ser levado pelo Sr. Ninguém (antagonista e narrador da série interpretado por Alan Tudyk). Agora passamos a acompanhar os nossos protagonistas enquanto eles lidam com o recente ataque de Ninguém.
Cliff Steele (Homem Robô, interpretado por Brendan Fraser e Riley Shanahan) está buscando uma forma de resgatar tanto o Chefe quanto à Jane (Diane Guerrero) – que se jogou dentro do buraco para onde Ninguém o sugou. Rita Farr (April Bowlby) e Larry Trainor (Matt Bomer) tentam se distanciar desses problemas. O personagem de Bomer tenta literalmente fugir da cidade enquanto Farr se tranca no quarto e ignora a situação como se nada houvesse acontecido.
Um dos melhores pontos desse episódio é exatamente a forma como os personagens lidam com a situação e são forçados a enfrentar tanto as memórias de seu passado, quanto os limites de seus poderes. Nessa empreitada temos uma nova adição ao time, Victor Stone – o Ciborgue (Joivan Wade). O herói é levado até a casa de Caulder para procurar o homem que foi levado com questionamentos sobre a cidade que desapareceu (sem saber que o Chefe havia desaparecido com ela).
Toda a performance de Jovian Wade como o Ciborgue ao longo do episódio nos mostra uma versão bem diferente – embora possivelmente influenciada – das iterações do herói vistas em outras mídias no passado. O personagem foi uma merecida adição e também se encaixou bem com a equipe, mesmo que o seu papel na equipe seja exatamente não se encaixar tão bem. Aos poucos vemos esse grupo de ‘aberrações’ tomando mais uma forma de família e não só de pessoas impossibilitadas de conviver em sociedade forçadas a conviver sob um mesmo teto.
Aos poucos somos apresentados com a chance de ver os personagens ganhando forma e maior profundidade. Em seu primeiro episódio a série mostrou bem quem esses personagens eram e agora é o momento de descobrirmos mais sobre as coisas que fazem esses personagens sofrerem por dentro. A parte mais pesada do episódio conta com pedaços do corpo de Ciborgue, mas também com partes importantes e traumáticas de outros personagens.
Um dos melhores fatores da série é exatamente o tom descompromissado que busca estabelecer. Não estamos lidando com o final do mundo. Ou estamos? Se estivermos lidando com o final do mundo nenhum dos personagens parece dar a isso tanta importância e a série não exige isso de quem assiste. A forma como a própria ideia debocha de si, através do tom e voz de Alan Tudyk realmente combina bem.
Embora seja do mesmo serviço de streaming de Titans (2018 -), talvez até se passe no mesmo universo (sim, isso não está oficialmente confirmado) a série estabelece uma diferença muito grande quando se trata em tom.
Mais uma vez, honrar a memorável forma como Diane Guerreiro dá vida às personalidades da Jane e nos faz querer cada vez mais conhecer sobre a história da personagem. A forma como a série parece estar desenvolvendo a ligação entre Cliff e Jane parece mais interessante. O caminho que a série parece estar trilhando, despreocupado embora maduro, está funcionando.
Cineasta graduade em Cinema e Audiovisual, produtore do coletivo artístico independente Vesic Pis.
Não-binarie, fã de super heróis, de artistas trans, não-bináries e de ver essas pessoas conquistando cada vez mais o espaço. Pisciano com a meta de fazer alguma diferença no mundo.