Animais Fantásticos: Os Crimes de Grindelwald – Reavaliando expectativas

Nesta quinta feira (15), estreia o segundo filme da série Animais Fantásticos. Escrito por J.K Rowling e dirigido por David Yates, a história de Animais Fantásticos: Os Crimes de Grindelwald (Fantastic Beasts: The Crimes of Grindelwald) ocorre em 1927, nove meses após o primeiro filme, e dá-se continuidade à jornada de Newt (Eddie Redmayne), Tina (Katherine Waterston), Queenie (Alison Sudol) e Jacob (Dan Fogler) após o bruxo das trevas Grindelwald (Johnny Depp) escapar da custódia do MACUSA, o Ministério da Magia Americano. Também nos são apresentados novos personagens, como o irmão de Newt, Teseu Scamander (Callum Turner), a bruxa Leta Lestrange (Zoë Kravitz) e o próprio Alvo Dumbledore, interpretado aqui pelo ator Jude Law.
O filme começa bem, e logo de cara nos são apresentados diversos feitiços complexos, que demonstram não só a extensão dos poderes de Grindelwald, como novas magias que os fãs de Harry Potter não estão familiarizados. Também podemos ver Hogwarts, em flashbacks e durante o ano de 1927, e estar de volta à escola, mesmo que brevemente, é algo que sempre aquece nossos corações. O sentimento de nostalgia permanece, seja visualmente ou por meio da trilha sonora, e quem cresceu vendo os filmes de Harry Potter no cinema pode se sentir um pouco mais em casa ao assistir Os Crimes de Grindelwald.

Dito isso, a construção dos personagens não foi tão bem elaborada. Parece que, ao escrever o roteiro, J. K. Rowling sentiu necessidade de acrescentar muitos personagens novos, de expandir o universo e plantar informações para serem usadas mais na frente (quem leu os livros de Harry Potter sabe bem que ela adora fazer isso), mas acabou colocando muita informação na trama, o que não deixou tempo de desenvolvimento para todos os personagens. Jacob e Queenie estão bem apagados no filme, o que é uma pena já que o casal foi um ponto alto durante a primeira narrativa. A personagem de Nagini  (Claudia Kim) também sofre no escanteio, pouco se explica sobre sua origem ou utilidade, e a única razão de ficarmos querendo saber mais sobre ela é porque já sabemos o seu fim.
Por outro lado, o personagem de Grindelwald é bem desenvolvido, e a atuação de Johnny Depp, por incrível que pareça, não foi mais do mesmo. A jornada do bruxo das trevas é explorada com força no filme, colocando em perspectiva suas ideias de dominação do mundo de tal forma que o espectador até consegue entender porque o bruxo possuía tantos seguidores. Jude Law segura bem o papel de Dumbledore, que aqui está consideravelmente mais jovem do que estamos acostumados a ver, e carrega uma carga emocional diferente da que foi apresentada na franquia anterior.

Uma preocupação nossa após o lançamento do trailer foi que as criaturas mágicas se perdessem no enredo, mas isso não foi deixado de lado. Não só nos foi apresentado novas criaturas, mas também reapresentadas algumas que já conhecíamos dos livros de Harry Potter, e todas tiveram suas funções e ajudaram o desenrolar da trama. Aqui é onde Newt tem seus grandes momentos de brilho, e também em suas cenas com Tina, que são de uma delicadeza tremenda e nos deixam querendo saber mais sobre o relacionamento entre eles.
É interessante ressaltar que nesse filme temos diversos plots acontecendo ao mesmo tempo, o que pode ser um pouco estranho para os fãs originais da franquia, já que estamos acostumados a sempre ver o mundo através dos olhos de Harry. No primeiro Animais Fantásticos também, o foco está majoritariamente em Newt, já neste segundo filme temos ações acontecendo em diferentes núcleos da história, e em diferentes locais. Pudemos conhecer um pouco do Ministério da Magia Francês, assim como a Paris bruxa, e mesmo que pouco, já foi interessante observar as diferenças entre os bruxos no mundo. Talvez isso pudesse ter sido explorado melhor, mas como já disse anteriormente, nos foi dada muita informação durante o desenrolar do filme, então é compreensível que não tenha havido tempo para desenvolver tudo profundamente.

E aí temos o final. Como essa é uma resenha sem spoilers, não vou discorrer muito sobre os acontecimentos, mas basta que vocês saibam que nos foi jogado uma surpresa um tanto desagradável para lançar o arco do próximo filme. O rolar dos créditos foi algo um tanto quanto desconcertante, e estamos na expectativa de J. K. Rowling ofereça algum tipo de explicação ou resposta pelo Twitter ou Pottermore (ela é conhecida por soltar essas informações de tempos em tempos) que nos ajude a entender a informação que nos foi jogada tão abruptamente antes do fim do filme. Até lá, ficamos com as especulações individuais de cada um, e o desejo de entender os mistérios que essa nova franquia tem trazido.