X2 ou X-Men 2 chegou aos cinemas em 2003. Hoje, quinze anos depois chegou a hora de falar um pouco sobre esse filme que foi tão marcante naquele ano e que continua sendo um dos melhores filmes da saga dos mutantes no cinema.
O filme é continuação direta de X-Men: O Filme (X-Men, 2000), inclusive com o mesmo elenco que nesse filme parece estar mais à vontade com seus personagens do que no filme anterior. Se no primeiro filme, tinha-se a incerteza de como o público se comportaria diante da grande expectativa de ver o maior grupo da Marvel Comics no cinema, o segundo acerta em aprofundar esse conceito e consolidar seus personagens. Hugh Jackman como Logan/Wolverine está mais solto no papel, se o primeiro filme já o torna icônico, o segundo o imortaliza como personagem sendo impossível até os dias de hoje (sobretudo depois de Logan, 2017) imaginar outro ator interpretando o papel. Patrick Stewart e Ian McKellen estão icônicos em seus personagens, interpretando até então a melhor versão do Professor X e Magneto. Halle Berry, James Marsden Famke Janssen têm mais subtexto para seus personagens e portanto apresentam uma Tempestade, Ciclope e Jean Grey melhores, com mais profundidade de personagem. Temos também o Homem de Gelo (Shawn Ashmore), Vampira (Anna Paquin), Pyro (Aaron Stanford) e Noturno (Alan Cumming) que também tem um desenvolvimento melhor no filme, inclusive Kurt Wagner começa o filme chutando bundas com uma das melhores cenas de ação de filmes de super-heróis já feitas até então.
O roteiro apresenta um vilão novo com um plano específico para exterminar os mutantes, o William Stryker (Brian Cox) clássico vilão dos X-Men nos quadrinhos. Aqui, a história parte do pressuposto que o filho de Stryker é um mutante e que foi aluno de Xavier. A intenção é recriar o cérebro e modificá-lo para ao invés de localizar os mutantes, matá-los. Paralelo a isso, temos o desenvolvimento da história de Logan ao retornar aos laboratórios onde lhe foi implantado o adamantium. Também há o desenvolvimento do triângulo amoroso Logan/Scott/Jean comum nos quadrinhos e que será fundamental para o terceiro filme que viria em 2006. Contudo, se pensarmos no universo dos mutantes da Marvel nos estúdios Fox como um todo, é a partir desse filme que a cronologia e as comodidades passam a fazer parte. Incongruências de criação de personagem, por exemplo, etc.
Contudo, o legado é bem maior que as críticas. Em uma época em que não era tão comum filmes de super-heróis, ter um segundo filme era uma vitória certa. Além do aprofundamento da mitologia dos mutantes no cinema, o filme abre portas para possíveis franquias que viriam. À época, foi muito gratificante ver no cinema o que era considerado por muitos (inclusive eu) o melhor grupo da Marvel. A dinâmica entre os personagens e as suas lutas, sejam pessoais ou globais, eram muito bonitas de serem vistos. Aí está a beleza dos X-Men, sua metáfora para os grupos mais excluídos e o conceito de que unidos somos mais fortes é o grande cerne desse super grupo, a melhor criação da dupla Stan Lee e Jack Kirby e que foi transmitido para a tela do cinema, tudo era muito emocionante e seus méritos o tornaram maior que suas falhas narrativas.
X2 é um filme bom, com um roteiro que apresenta incongruências, mas é competente em entregar uma história lúdica, divertida e com uma mensagem que representa bem o universo mutante dos quadrinhos. Ele solidifica ícones como Hugh Jackman, amplia possibilidades de imaginar franquias de heróis no cinema e abre portas para um novo gênero cinematográfico, um universo novo e em expansão que eram os filmes de super-heróis do início do século XXI.
Atual Vice-presidente da Aceccine e sócio da Abraccine. Mestrando em Comunicação. Bacharel em Cinema e formado em Letras Apaixonado por cinema, literatura, histórias em quadrinhos, doramas e animes. Ama os filmes do Bruce Lee, do Martin Scorsese e do Sergio Leone e gosta de cinema latino-americano e asiático. Escreve sobre jogos, cinema, quadrinhos e animes. Considera The Last of Us e Ocarina of Time os melhores jogos já feitos e acredita que a vida seria muito melhor ao som de uma trilha musical de Ennio Morricone ou de Nobuo Uematsu.