AVANTE GUERRA INFINITA | Thor: O Mundo Sombrio

Após sua primeira e bem sucedida fase de filmes de super-heróis (que já nesta época era chamado por uns e por outros de Universo Cinematográfico Marvel ou MCU na sigla em inglês) e o enorme sucesso que foi a empreitada chamada Os Vingadores (The Avengers, 2012), filme tido por muito como impossível, mas que a Marvel Studio entregou provando seu grande empenho, o caminho a seguir parecia já mais estável, mas o objetivo agora seria manter a qualidade das produções e, consequentemente, o engajamento da legião de fãs que o estúdio estava formando. A tarefa se mostrou mais difícil do que o esperado depois da recepção não tão calorosa de Homem de Ferro 3 (Iron Man 3, 2013), mostrando a todos que a fórmula não era assim tão infalível.
A próxima continuação das histórias individuais dos heróis mais poderosos da Terra foi a de Thor, que ficou a cargo de um diretor acostumado a dirigir grandes séries de TV, como Mad Men (2007 – 2015) e Game of Thrones (2011 -), mas quase totalmente inexperiente em longas de grande porte como foi o caso de Thor: O Mundo Sombrio (Thor: The Dark World, 2013). Alan Taylor teria a missão de expandir ainda o MCU e de quebra dar continuidade ao plano que desembocaria no conflito contra Thanos e suas Jóias do Infinito.

Assim, este segundo filme do Deus do Trovão inicia novamente, como no primeiro, com uma narração de Odin (na voz inconfundível de Sir Anthony Hopkins) recordando acontecimentos que dariam força ao filme que iríamos ver. O Pai de Todos conta que há muitas eras atrás seu pai derrotou uma legião de elfos sombrios, comandados pelo maldoso Malekith (Christopher Eccleston irreconhecível), que desejavam usar o poder inigualável de algo chamado de Éter para derrotar Asgard e sua supremacia sob os Nove Reinos. Após ser derrotado Malekith e seu braço direito Algrim (Adewale Akinnuoye-Agbaje) fogem deixando o Éter que é escondido “onde ninguém mais poderá achar”, como diz Bor (Tony Curran), pai de Odin, o que sabemos obviamente que isto é o que não vai acontecer.

Em seguida saltamos para Asgard com Loki (Tom Hiddleston, aqui já extremamente á vontade no papel) sofrendo as consequências de seus atos em Thor (2011) e da Batalha de Nova York em Os Vingadores, sendo preso por seu pai e, claro, com suas tradicionais respostinhas para tudo na ponta da língua. Enquanto isso Thor (Chris Hemsworth) e seus amigos Fandral (Zachary Levi), Hoogun (Tadanobu Asano), Volstagg (Ray Stevenson) e a maravilhosa Sif (Jaimie Alexander) tentam botar nos eixos os Reinos que meio que entraram em crise após a destruição da Bifrost no primeiro filme. Na Terra (ou Midgard, como queira), mais precisamente na terra da rainha, Inglaterra, Jane Foster (Natalie Portman) tenta fazer a fila andar já que seu amado divino nunca mais deu as caras, quando sua ex-estagiária Darcy (Kat Dennings) a atrapalha para fazer outra grande descoberta científica, dessa vez um irregularidade física bem estranha que faz objetos entrarem e saírem de portais invisíveis e caminhões enormes flutuarem.

Jane (numa dessas coincidências inacreditáveis que temos que engolir), acaba por entrar num desses portais e, vejam só, encontrar “sem querer” o Éter e liberá-lo, despertando a atenção de Malekith e seu plano maligno de conquistar os Nove Reinos… ou seria destruir o universo? Não sei, é bem confuso. Esse é o momento perfeito para Thor, alertado pelo olhar absoluto de Heimdall (Idris Elba), encontrar Jane (levar uns tapas) e depois levá-la para a segurança de Asgard, onde tentariam remover a estranha substância que se apoderou de seu corpo.

Após este primeiro ato bem corrido o filme trás uma série de acontecimentos importantes, como a morte de Frigga (Rene Russo), mãe de Thor e Loki, pelas mãos do maligno Malekith, num ataque dos elfos negros que quase destrói Asgard, em seguida, um plano mirabolante do grupo de Thor, com a ajuda de Loki (como a galera ainda confia nesse cara?!). As cenas de ação estão muito mais promissoras do que no primeiro filme, já que agora o estúdio liberou muito mais dinheiro para a produção, resultando em bons efeitos especiais e algumas sequências memoráveis, como a que Heimdall tenta impedir a entrada das naves inimigas em Asgard ou a própria batalha final quando os vilões finalmente chegam à Terra, com a sequência realmente impressionante dos portais interplanetários (ver o Mjolnir viajando entre os portais e pelo universo ficou bem divertido).

Contudo, por outro lado, ao tentar compensar o que faltou no primeiro com mais ação, o filme parece ter perdido o humor, tão frequente tanto no filme dirigido por Kenneth Branagh, quanto na aparição de Thor em Os Vingadores, o que deixou o filme um tanto quanto enfadonho. As exceções ficam por conta das ótimas tiradas da  Darcy e do Dr. Eric Selvig (Stellan Skarsgård) ficando meio louco e correndo nu entre as rochas de Stonehange. Junto a isso Melekith e o poder do Éter, mesmo que saibamos de seu perigo, nunca realmente convencem, talvez por conta de termos plena noção de que o bem vencerá o mal, algo que esperamos que mude em Vingadores: Guerra Infinita (Aveners: Infinity War, 2018).
Thor: O Mundo Sombrio serviu talvez para que percebêssemos que este não era o melhor tom que os filmes do Deus do Trovão deveria tomar, nos entregando um dos filmes mais esquecíveis do MCU. Felizmente a mudança neste tom seriam bem radicais como vimos depois em Thor: Ragnarok (2017), e mesmo que muitos achem o filme com uma comicidade exagerada, podemos dizer com muita certeza que a terceira empreitada de Thor nos cinemas será infinitamente mais lembrada do que suas picuinhas com os elfos sombrios no segundo filme.