AVANTE GUERRA INFINITA | Os Vingadores

Quando Kevin Feige falou lá em 2006 na Comic Con San Diego que a probabilidade de um filme dos Vingadores estar nos planos dos estúdios Marvel era muito alta, o mundo veio à loucura. Afinal, era um projeto de presunção sem precedentes e com muitos riscos e obstáculos para que pudesse realmente se tornar realidade. Mas, para a felicidade de todo e qualquer nerd, fãs de quadrinhos e de filmes de super-heróis, acabou acontecendo de fato.
Uma vez que todos os heróis já tinham sido devidamente apresentados para o grande público em seus respectivos filmes, agora era hora de em Os Vingadores (The Avengers, 2012) fazer com que as peças desse universo se encontrassem e, mais importante ainda, contassem uma história juntos. Uma tarefa extremamente complicada, claro, que só foi possível devido à dedicação total de uma equipe numerosa e apaixonada pela proposta.

No roteiro, Joss Whedon se encarregou de definir o tom que o filme assumiria, que acabou sendo adotado pelos posteriores, mais colorido e divertido, além de trabalhar os conflitos entre os personagens e entregar uma narrativa que não se resumisse somente à muitas cenas de ação e o encontro entre os heróis, mas de substância suficiente que pudesse ter questões para se desenvolver nos filmes seguintes. Assim, apesar da sinopse de Os Vingadores ser simples e até meio antiquada, podendo ser resumida em “os maiores heróis da Terra precisam esquecer suas diferenças e unir forças para combater uma invasão alienígena liderada por Loki, o deus da Trapaça” sabemos que o que importa aqui são as relações entre esses personagens e o quanto podemos nos conectar com eles. E isso ele faz muito bem, sobretudo com o atrito entre o Homem de Ferro (Robert Downey Jr.) e o Capitão América (Chris Evans).
Contudo, para agradar de verdade, um filme não pode funcionar somente no papel. É por isso que outro destaque importante de Vingadores é seu elenco. Também pudera, a atração principal do filme é a união desses heróis. Portanto, o entrosamento entre os atores foi fundamental, a química entre eles é notável e mesmo que alguns tenham mais destaque que outros, todos tem seu espaço de brilhar, até mesmo quem entrou por último. Mark Ruffallo entra para o time e assume o papel do gigante esmeralda, que antes era interpretado por Edward Norton, e juntamente com a equipe de efeitos especiais desenvolve um personagem que já conhecemos, mas com uma cara totalmente nova. O Hulk de Ruffallo tem mais vida e mais carisma do que os anteriores e seu Bruce Banner também não fica muito atrás. Outra ótima performance é a de Tom Hildelston como Loki, para muitos o melhor vilão da primeira fase da Marvel, ele que já tinha roubado a cena em Thor (2011), volta para ameaçar o planeta Terra e o lugar de ator mais carismático do MCU que é ocupado atualmente pela figura narcisista de Robert Downey Jr.

Com cenas de ação muito bem pensadas, como a sequência de ação da batalha de Nova York e uma equipe orgânica em tela, dentro e fora das lutas e das telas, Vingadores tornou-se o maior filme de super herói até aquele momento, quebrando barreiras e abrindo muitos precedentes na história do gênero. Pessoalmente acho fascinante o modo como tudo foi arquitetado pela empresa, Seu maior sucesso para mim foi conseguir transformar a equipe dos Vingadores, famosos só ali na roda dos aficionados por quadrinhos, em verdadeiros ícones da cultura pop. Além de render à Indústria do entretenimento uma fórmula mágica e absurdamente lucrativa. Depois desse filme, todo mundo achou que poderia fazer um universo compartilhado no cinema e quase nenhum conseguiu copiar e entregar um projeto tão organizado e bem-sucedido.
Vingadores encerra a primeira fase da Marvel sendo um sucesso absoluto de crítica e bilheteria, uma das maiores da história e um marco inegável na história do cinema de entretenimento. Ao mesmo tempo, inicia também a fase dois ao construir os fundamentos de algo ainda maior que só vai se pagar culminar agora em 2018 com Vingadores: Guerra Infinita (Avengers: Infinity War, 2018). Vingadores é, portanto, o primeiro grande risco de uma empresa que soube ter paciência de plantar muito bem cada uma das suas sementes trabalhando com o seguro para que pudesse colher os frutos no futuro.