Curiosamente O primeiro Vingador é o último filme antes de Os Vingadores (Avengers, 2012). Ele fecha os filmes solo da primeira fase do Universo Cinematográfico da Marvel (MCU na sigla em inglês) nos cinemas e prepara o espectador para o primeiro filme da equipe de super-heróis que em 2012 fez história nas bilheterias mundiais.
Aqui temos a história de Steve Rogers (Chris Evans), um homem raquítico e com diversas doenças crônicas, mas que desejava se alistar para lutar por seu país durante a Segunda Guerra Mundial, sua insistência o leva a participar de um experimento para criação de um super soldado por meio de um soro. Mas, o que o levou mesmo a ser escolhido foram suas capacidades mentais, sobretudo de liderança, companheirismo e seu senso para sempre fazer a coisa certa.
O primeiro ponto de destaque acontece antes do Steve Rogers receber o soro do super soldado. Ainda em seu treinamento, é solta uma granada falsa, todos os seus companheiros fogem, enquanto Steve se joga em cima da ameaça para proteger todo mundo. Esse ponto serve principalmente para mostrar ao público as capacidades e as características que vão além das físicas, um soldado que se sacrifica para seus companheiros não sofrerem.
O roteiro do filme não é nada espetacular, portanto ele não busca dar uma nova visão sobre a guerra ou uma reflexão sobre a mesma, sua serventia é tão somente servir como mecanismo de apresentação do personagem. Justamente por ter esse propósito e ser tão consciente dele que o filme acerta em muitos pontos. O roteiro não tem vergonha de ser de super-herói e, além disso, se aproveita ao máximo para elevar seus personagens. A construção do Capitão América é feita de maneira tão aberta que é possível já imaginar os conflitos futuros com Tony Stark/Homem de Ferro. A ambientação é bem feita e todas as pontas são amarradas, as referências aos filmes e ao próprio universo da Marvel é feito de forma sutil e inteligente.
Temos como destaque a interação do Steve Rogers com Howard Stark (Dominic Cooper), pai de Tony Stark, já é possível antecipar a relação do Capitão América com o Homem de Ferro, o sujeito sério e focado em contraponto com o gênio extrovertido. Outra importante informação para a criação do universo é a origem do escudo do Capitão, feito de um material chamado vibranium que iria ser explorado em filmes futuros como Vingadores: Era de Ultron (Avengers: Age of Ultron, 2015) e Pantera Negra (Black Panther, 2018).
A escolha do Chris Evans para o papel também foi um acerto, ele é capaz de transmitir todo o espírito de liderança e inocência que o personagem precisa nesse primeiro filme. O resto do elenco está bem, todos cumprem seus respectivos papéis, sem comprometer. Hugo Weaving entrega o melhor vilão da primeira fase da Marvel (lembrando que o Loki não é vilão, mas um antagonista), o Caveira Vermelha é bem desenvolvido e apresenta uma ameaça real ao personagem e ao mundo.
O destaque final do filme fica por conta da luta do Capitão contra o Caveira Vermelha que é bem feita, mas sobretudo pela introdução do Tesseract que futuramente iremos descobrir que se trata de uma das jóias do infinito, a joia do espaço.
Outros aspectos do filme como trilha sonora e montagem são bons, nada mais que isso. Não há algo realmente memorável nesse sentido, com exceção do tema musical do Capitão América que será retrabalhado no filme dos Vingadores. A direção entrega um filme seguro, sem muito invencionismo. Algo bom, já que o filme tinha a pressão de entregar um personagem tão forte e importante para o universo da Marvel. Optar por uma linha segura era a melhor alternativa para que o filme não fracassasse.
Capitão América: O Primeiro Vingador tem a missão de apresentar seu protagonista e líder do grupo que virá a se formar. Levando em conta esse aspecto, o filme pode ser considerado um dos mais bem sucedido dessa primeira fase, pois através de seu personagem, os espectadores podem reconhecer as virtudes que farão de seu protagonista membro fundamental de Os Vingadores.
Atual Vice-presidente da Aceccine e sócio da Abraccine. Mestrando em Comunicação. Bacharel em Cinema e formado em Letras Apaixonado por cinema, literatura, histórias em quadrinhos, doramas e animes. Ama os filmes do Bruce Lee, do Martin Scorsese e do Sergio Leone e gosta de cinema latino-americano e asiático. Escreve sobre jogos, cinema, quadrinhos e animes. Considera The Last of Us e Ocarina of Time os melhores jogos já feitos e acredita que a vida seria muito melhor ao som de uma trilha musical de Ennio Morricone ou de Nobuo Uematsu.