Eis que em 2016, no filme Capitão América: Guerra Civil (Captain America: Civil War, 2016), o Homem-Aranha finalmente dá as caras pela primeira vez no Universo Cinematográfico da Marvel. Tom Holland é o terceiro Peter Parker no cinema desde a nova era dos heróis na tela grande, iniciado no ano 2000 com X-Men.
Foi confirmado o filme solo do aracnídeo em 2017 com o subtítulo “Homecoming“, “De Volta ao Lar” na tradução nacional. Trocadilhos à parte, Marvel ter de volta seu herói mais popular, fez crescer uma expectativa grande entre os fãs, principalmente para saber como o cabeça de teia se encaixaria em sua cronologia. Para muitos (eu, incluso) o Homem-Aranha é o maior super herói da Marvel Comics. Desde sua criação pelo Stan Lee e durante as diversas histórias que foram criadas até então, o aracnídeo sempre teve dramas bem humanos e próximos de seus leitores, como ter que pagar as contas, ser estudante, etc.
Os filmes anteriores têm seus méritos. Todos fizeram o possível para trabalhar o herói e alguns conseguiriam mostrar muito bem suas facetas. Se nos filmes do Sam Raimi algumas coisas não batiam com o cânone do teioso, ele acerta pela sua história e pelas cenas de ação e heroísmo, com destaque para a clássica cena do trem em Homem-Aranha 2 (Spider-Man 2, 2004). Já o reboot iniciado pela Sony com a direção do Mark Webb em 2012 tem como premissa rejuvenescer o personagem e trabalhar com vilões que não foram desenvolvidos antes, além de explorar personagens tão importantes para Peter Parker, como Gwen Stacy. É bem verdade que essa leva de novos filmes sob o título de Espetacular Homem-Aranha erra em muitos aspectos, sobretudo em seus roteiros que são infantis e cheio de furos, mas acerta em cheio na caracterização do seus personagens, nunca até então tivemos um Homem-Aranha tão bem representado no cinema e nem uma personagem tão forte na franquia quanto Gwen Stacy. Muito desse sucesso veio por conta de seus atores que são significativamente melhores que os da trilogia inicial, além da química que os atores compartilhavam fora das telas também. Então, se nos primeiros três filmes acertam em seus roteiros e nas cenas de ação épicas, os dois filmes do reboot acertam por personagens mais carismáticos e por ser visualmente mais chamativo, destaque para o uniforme do cabeça de teia do O Espetacular Homem-Aranha 2: A Ameaça de Electro (The Amazing Spider-Man 2, 2014), que, para mim, continua sendo o mais bonito do cinema até os dias de hoje.
Dito isso, Homem-Aranha: De Volta ao Lar é a chance da Marvel trabalhar com seu personagem mais popular. Será que ela fez isso certo? Acreditamos que sim. Começando pelo fato de não ser um filme de origem usual. Não ficamos sabendo como Peter Parker conseguiu seus poderes e honestamente não nos importamos. Vimos isso nas versões anteriores e já estava de bom tamanho mesmo. O filme inicia fazendo referência ao Capitão América: Guerra Civil, mas logo se concentra no cotidiano de Peter e como ele lida com as obrigações de ser um estudante secundarista e um herói em ascensão. Temos também a origem do vilão, Abutre, aqui vivido brilhantemente por Michael Keaton.
O filme é bem estruturado, o roteiro não procura algo fora do comum para seu destaque. Embora não seja algo de outro mundo, aqui se trabalha no que é seguro, o que é bom para introduzir o personagem com propriedade dentro de seu universo cinematográfico. O elenco está bem. Tom Holland é mesmo o Peter Parker definitivo do cinema, ele parece saber isso e está totalmente solto no personagem, a Zendaya também apresenta uma nova MJ muito convincente e com uma boa interação com o Peter, Michael Keaton está muito bem também como o vilão, um dos melhores do MCU. Quem realmente destoa do elenco é Robert Downey Jr. com suas aparições como Tony Stark. Ao meu ver, o único problema desse roteiro é a constante presença do Homem de Ferro, justificável para o crescimento de Peter como Aranha, principalmente no final do filme, mas que poderia ter sido trabalhado de uma maneira diferente.
Contudo, o maior acerto do filme é em sua cinematografia e cenas de ação. Se a primeira faz com que o público do cinema tenha a sensação de estar vendo um quadrinho na tela, com destaque para as maneiras como o Aranha interage com Manhattan, a cena dele comendo sanduíche em cima do prédio e falando ao telefone é impecável e digna de qualquer página do teioso; a segunda é responsável por apresentar cenas de ação tão boas quanto a trilogia original, com destaque para a cena no barco (fazendo clara referência a cena do trem em Homem-Aranha 2) mostrando a maior virtude do personagem, seu altruísmo, a luta final contra o Abutre também merece destaque.Homem-Aranha: De Volta ao Lar é um bom filme nesse retorno do personagem mais popular da editora ao seu estúdio de cinema. É leve e divertido, apresentando a melhor versão até agora de seu protagonista. Com boas atuações e uma cinematografia incrível, De volta ao Lar apresenta uma história sólida e sem furos no roteiro e certamente figura entre os melhores filmes do estúdio, só não é o melhor filme da terceira fase da Marvel no cinema porque existe Pantera Negra (Black Panther, 2018).
Atual Vice-presidente da Aceccine e sócio da Abraccine. Mestrando em Comunicação. Bacharel em Cinema e formado em Letras Apaixonado por cinema, literatura, histórias em quadrinhos, doramas e animes. Ama os filmes do Bruce Lee, do Martin Scorsese e do Sergio Leone e gosta de cinema latino-americano e asiático. Escreve sobre jogos, cinema, quadrinhos e animes. Considera The Last of Us e Ocarina of Time os melhores jogos já feitos e acredita que a vida seria muito melhor ao som de uma trilha musical de Ennio Morricone ou de Nobuo Uematsu.