Liga da Justiça – Um retorno necessário

Liga da Justiça chega aos cinemas nessa quinta-feira (16) com uma grande responsabilidade: entregar não só uma história consistente, mas que também tire o gosto ruim que os filmes anteriores deixaram na boca dos fãs do universo DC com a exceção de Mulher-Maravilha, que foi um grande sucesso de crítica e de público, tornando-se, dentre outros méritos, a maior abertura de fim de semana de um filme de origem de super-heróis. Batman vs Superman e Esquadrão Suicida, por outro lado, não foram tão bem assim nas bilheterias e nem caíram muito no gosto popular (Sim, isso é um eufemismo). Como se não bastasse, Zack Snyder, motivado por assuntos familiares, anuncia seu afastamento do projeto pouco antes do fim do mesmo e Joss Whedon, conhecido por ter ajudado a construir o (MCU) Universo Cinematográfico da Marvel, assume seu lugar na direção das cenas que faltavam, então, cria-se todo um burburinho em volta disso e o tribunal da internet, como sempre, vai à loucura. Em outras palavras, o peso que o filme da Liga carregava era difícil de ignorar. A DC precisava acertar.

 

E acertou. Não que o filme não tenha defeitos, ao assistir a primeira meia hora de Liga da Justiça fica evidente a grande diferença que faz para o andamento e a qualidade do filme ter ou não um planejamento organizado do seu universo compartilhado, um feito inquestionável e invejável dos estúdios Marvel. O primeiro ato aqui é confuso e perde muito tempo apresentando motivações e aprofundando personagens que poderiam ter sido apresentados em filmes anteriores de origem. A impressão que dá é que o filme tem vários começos diferentes e que foi algo que se resolveu apenas no momento de montagem, o resultado disso é que o ritmo ficou prejudicado e tudo parece apressado demais. Embora as cenas sejam interessantes se vistas separadamente, com direito a enquadramentos tão icônicos e imponentes quanto seus protagonistas merecem. Outro ponto que incomoda bastante são os efeitos digitais, excessivos e capengas, a cena inicial causa uma estranheza gritante e é difícil engolir as composições digitais depois disso, a impressão de artificialidade acabou atrapalhando a ilusão do cinema para mim, e o 3D completamente desnecessário não contribuiu para que a impressão melhorasse.

 

 

Mas, as ressalvas acabam mais ou menos por aqui, há furos no roteiro, núcleos completamente descartáveis e decisões particularmente duvidosas, mas a interação entre os personagens e o ar mais leve que o humor bem dosado trouxe ao filme acabam entretendo a partir do segundo ato, o vilão Lobo da Estepe consegue convencer e as batalhas empolgam, sobretudo e principalmente quando Superman retorna, surpreendendo absolutamente ninguém. O Super de Henry Cavill realmente carrega e renova as dinâmicas que foram estabelecidas no primeiro ato quando ressurge e ele é, apesar dos efeitos visuais em seu rosto para retirar o tal bigode atrapalharem um pouco, o super-homem que deveria ter sido em todos os filmes. De fato, o Superman é tão importante dentro do filme quanto para o filme em si, quando eles o trazem de volta, todas as coisas parecem que funcionam melhor.

 

Acredito que Liga da Justiça é um filme que ainda pode dividir opiniões em discussões fervorosas na internet (afinal o que é que não anda causando discussões fervorosas na internet, não é mesmo?), mas que no geral consegue agradar, divertir, entreter e acertar mais do que errar e que, acima de tudo, consegue seguir os passos de Mulher-Maravilha quando o assunto é deixar no espectador uma sensação de admiração e esperança, não só para o universo cinematográfico da DC, mas também para os tempos sombrios que vivemos, afinal é em tempos assim que precisamos, mais do que nunca, de super heróis.
P.S: Agradecimentos especiais a João Paulo da Silva Bernardes. Valeu, Jotapê!