A Garota no Trem (The Girl on the Train, 2016) é um thriller psicológico ao estilo Garota exemplar (Gone Girl, 2014), de David Fincher. Baseado em um livro homônimo, o filme chegou aos cinemas essa semana e traz consigo a talentosa Emily Blunt (Sicário, No Limite do Amanhã) no papel principal, uma mulher que tem problemas com alcoolismo e sofre pelo fim do seu casamento.
No tocante ao enredo, não posso afirmar se o filme é uma boa adaptação, pois não li o livro, todavia vendo como um espectador de cinema, o enredo, creio eu, é bem desenvolvido, as personagens são complexas e vemos um desenvolvimento das três personagens que levam a trama em diante. Apesar de caminhar para a resolução mais óbvia, o filme mantém você em um clima de mistério e suspense boa parte dele. Hitchcock, o mestre do suspense, disse uma vez que para um bom filme de suspense é necessário mostrar o espectador o crime e deixar a pista sempre aberta a duplas interpretações, A garota no trem consegue manter bem isso.
Um ponto negativo que posso destacar do filme é o ritmo. Por vezes achei que ele encerraria em determinado momento, mas quando o filme escolhia continuar ficava claro que havia ali um grande problema em sua montagem. Ele perde muito tempo com o recurso do flashback para explicar situações e ele também verbaliza muitas das soluções encontradas, talvez se isso fosse retrabalhado o longa pareceria menor, mais fechadinho. O cinema é a arte de mostrar (ou não mostrar), se tiver algo importante para o enredo é necessário mostrar, verbalizar por meio de uma personagem é uma forma de deixar a linguagem cinematográfica mais comum, perdendo boa parte do poder dela. Isso é comum aos filmes hollywoodianos mais recentes, eles querem ser mais do que realmente são e subestimam a capacidade do espectador de entender a cena sem ser necessário um diálogo explicativo ou um flashback, ambos recursos usados no longa assinado por Tate Taylor, diretor de Histórias Cruzadas (The Help, 2011).
Atual Vice-presidente da Aceccine e sócio da Abraccine. Mestrando em Comunicação. Bacharel em Cinema e formado em Letras Apaixonado por cinema, literatura, histórias em quadrinhos, doramas e animes. Ama os filmes do Bruce Lee, do Martin Scorsese e do Sergio Leone e gosta de cinema latino-americano e asiático. Escreve sobre jogos, cinema, quadrinhos e animes. Considera The Last of Us e Ocarina of Time os melhores jogos já feitos e acredita que a vida seria muito melhor ao som de uma trilha musical de Ennio Morricone ou de Nobuo Uematsu.