Epitaph (2015), filme de Rubén Imaz, Yulene Olaizola teve estreia na última sexta-feira, dia 17 de junho de 2016 no 26º Cine Ceará festival ibero-americano de cinema, no centro de Fortaleza.
O filme conta a história de três desbravadores espanhóis que, no século XVI, tentam subir o pico do grande vulcão mexicano Popocatéptl, de aproximadamente 5400 metros de altura. A narrativa do filme se dá nesse trajeto de subida. O roteiro é basicamente isso, uma subida em busca de glória em frente ao rei Carlos, monarca do império hispânico. Por diversas vezes, o Capitão da aventura deixa claro que não busca riquezas e sim honrar a coroa. No decorrer da subida, esse desejo do Capitão acaba levando a baixas, um dos seus companheiros fica para traz (por conta do frio) e o que o acompanha acaba fraquejando várias vezes. Por vezes, é possível imaginar que o Capitão tenha chegado a loucura e isso acaba refletindo em suas ações e como ele lida com os outros personagens.
O filme tem somente três personagens, logo ele se torna basicamente um filme de atuação e de como o corpo dos atores se comporta em um espaço tão gigantescamente bonito e, ao mesmo tempo, ameaçador. O que impressiona aqui é a fotografia toda feita com luz natural, inclusive a cena noturna que é iluminada por uma fogueira, além da beleza inata do plano, a fotografia traz um senso de realidade incrível. A arte do filme também foi competente em reproduzir a vestimenta dos desbravadores.
Por ser um filme de deslocamento, a narrativa é muito arrastada, há planos no qual “nada ocorre”, apenas contemplação, em diversos momentos esse filme lembrou-me o filme Jauja (2014), do diretor argentino, Lisandro Alonso, tanto pela fotografia quanto pela decupagem escolhida pelos diretores mexicanos, a diferença entre os dois é que no filme do diretor argentino, a narrativa tem mais ações, há uma busca, um resgate.
Para quem gosta de filmes históricos e contemplativos, Epitaph é um prato cheio tanto pelas referências que traz consigo, quanto pela maneira como foi dirigido, fotografado e montado. Mas, pra quem não gosta do gênero ou do tipo de filme, ele pode se tornar enfadonho e repetitivo.
Atual Vice-presidente da Aceccine e sócio da Abraccine. Mestrando em Comunicação. Bacharel em Cinema e formado em Letras Apaixonado por cinema, literatura, histórias em quadrinhos, doramas e animes. Ama os filmes do Bruce Lee, do Martin Scorsese e do Sergio Leone e gosta de cinema latino-americano e asiático. Escreve sobre jogos, cinema, quadrinhos e animes. Considera The Last of Us e Ocarina of Time os melhores jogos já feitos e acredita que a vida seria muito melhor ao som de uma trilha musical de Ennio Morricone ou de Nobuo Uematsu.