Amama (2015), filme espanhol, dirigido por Asier Altuna Iza, foi o longa escolhido para abertura do 26º Cine Ceará festival ibero-americano de cinema, que ocorreu na última quinta-feira, dia 16 de junho de 2016, no Cineteatro São Luiz, no Centro de Fortaleza.
O filme flerta um pouco com cinema de gênero, sua sequência inicial, uma corrida na floresta, juntamente com sua trilha sonora, faz parecer que estamos entrando em um filme de suspense/terror. Boa parte dos enquadramentos do filme e o desenvolvimento da narrativa levam a crer nesse clima, principalmente nas cenas que envolvem a floresta.
Contudo, apesar desse ligeiro flerte com o cinema de gênero, o longa Amama trata-se, na verdade, de um drama familiar. Ele trabalha com a relação pai e filhos, netos e avó. Nesse seguimento há simbologias fortes no decorrer do filme, como a Avó que sempre planta e pinta uma árvore quando nasce um neto, e, dependendo da cor, acaba gerando a personalidade que ele ou ela desenvolverá. Outro aspecto nessa relação é a dura relação entre pai e filhos, o pai aparece sempre com uma postura muito dura e severa o que gera conflitos principalmente com a filha mais nova, aquela que é rebelde, e é justamente ela que acaba se ligando mais a avó, a proximidade delas é tão grande que a neta trabalha com constantes ensaios fotográficos e videográficos da Avó, estabelecendo aqui um viés de metalinguagem.
A fotografia do filme é lindíssima, as cenas diurnas são um primor para os olhos, com uma luz natural de encher os olhos; as cenas noturnas são muito bem iluminadas por abajures, e objetos eletrônicos, como computadores, celulares etc. Juntamente com a fotografia, a arte desse filme é de encher os olhos, mas sem nada muito inovador no sentido, a personagem rebelde sempre usa roupas da cor preta, por exemplo.
Além do roteiro arrastado, demora demais para o desenvolvimento do primeiro e do segundo arco do filme, o grande problema desse filme é a montagem. Durante a sessão imaginei que o filme poderia acabar pelo menos umas duas vezes, pareceu-me que o filme se arrastava mais que a história permitia.
Amama é um filme que explorar bem as relações familiares, mas peca ao procurar desenvolver muitos personagens e por perder o tom em alguns momentos, por outro lado, compensa pela sua fotografia lindíssima e arte competente, além das grandiosas simbologias entre o novo e o antigo, entre o campo e a cidade.
Atual Vice-presidente da Aceccine e sócio da Abraccine. Mestrando em Comunicação. Bacharel em Cinema e formado em Letras Apaixonado por cinema, literatura, histórias em quadrinhos, doramas e animes. Ama os filmes do Bruce Lee, do Martin Scorsese e do Sergio Leone e gosta de cinema latino-americano e asiático. Escreve sobre jogos, cinema, quadrinhos e animes. Considera The Last of Us e Ocarina of Time os melhores jogos já feitos e acredita que a vida seria muito melhor ao som de uma trilha musical de Ennio Morricone ou de Nobuo Uematsu.