River

Então, começamos 2016 e eu já estou quebrando promessas mil. Havia dito (para ninguém em especial, apenas para mim mesmo) que este ano iria tentar começar a ver menos séries novas e iria tentar (TENTAR!) colocar em dia as dezenas que estou em débito. Claro, no comecinho do ano já consegui terminar a segunda temporada de Fargo (algumas considerações aqui) e a primeira de Ash vs Evil Dead, mas eu não seria eu se não começasse a ver alguma coisa nova logo na primeira semana de 2016. Assim, em detrimento de algumas atrasadas (me desculpem Vikings, Homeland, Les Revenants…) assisti ao piloto da série britânica River.
A série nos traz o Inspetor Detetive John River (Stellan Skarsgärd) que após testemunhar o traumático assassinato de sua parceira, Jack Stevie (Nicola Walker), tenta solucionar o caso encontrando o responsável e seu motivo, e para isso terá a ajuda da própria Stevie. Isso é possível apenas porque o detetive apresenta sérios distúrbios mentais (não sei se causados pelo trauma ou se antes do assassinato ele já os possuía) o que o possibilita trocar uma ideia com fantasmas, ou como ele mesmo diz, “manifestações”, que podem ajudar ou atrapalhar sua vida.

 

Confesso que o que me fez querer começar a ver a série não foi nada senão a presença de Skarsgärd como protagonista (sim, sou desses). Não é de hoje que admiro o trabalho deste sueco que, mesmo em papéis mais secundários, vem se destacando em filmes dos mais variados estilos (desde Melancolia e Ninfomaníaca à Piratas do Caribe e Thor e claro, soltando a voz em Mamma Mia!) e após vê-lo em uma ótima atuação ano passado em O Cidadão do Ano, não poderia perder a oportunidade de admirá-lo protagonizando uma série de TV e, nossa, que ator perfeito para este personagem. Skarsgärd deu à River uma assombrosa profundidade, com o rosto sempre lúgubre e expressando sua dor em pouquíssimas palavras apresentando raros momentos de “alegria” quando sua parceira (muito mais despojada que ele) tenta animá-lo.
Neste primeiro episódio temos River buscando resolver o caso de um rapaz que supostamente haveria matado a namorada, ao mesmo tempo em que precisa lidar com a investigação (em que obviamente não deveria se envolver) do assassinato da parceira e com a estranheza que causa aos colegas de trabalho e ao novo parceiro ao ser flagrado ocasionalmente faladando sozinho. Pareceu-me, então, que a série seguirá ao estilo de Luther (outra que estou no atraso) com o personagem resolvendo um caso por episódio enquanto tenta resolver seus próprios conflitos pessoais. Portanto, River não é apenas uma série de suspense policial tradicional (apesar de trazer todos os códigos do gênero) é também uma série sobre lidar com o sentimento de perda, sobre as feridas de uma mente abalada e sobre superar-se perante tudo isso (e me desculpe por ter soado tão brega agora).
River, como já é de praxe de algumas séries britânicas, é dividida em apenas seis capítulos, e foi criada por Abi Morgan, responsável pelos roteiros do mediano A Dama de Ferro (The Iron Lady, 2011), do ótimo Shame (Idem, 2011) e do, até o momento inédito no Brasil, As Sufragistas (Suffragette, 2015).
PS: Sinto que os diálogos com a psiquiatra vão ser memoráveis;
PS2: A cena final no karaokê me emocionou ligeiramente.