Uma saga em forma de Mangá, escrito por Keiji Nakazawa, lançado no Brasil pela editora Conrad em 6 volumes ao total, “Gen – Pés Descalços” (Hadashi no Gen no original) é baseado na vida e na luta pela sobrevivência de uma família japonesa em plena Segunda Guerra Mundial, na cidade de Hiroshima, antes, durante e após o lançamento da bomba atômica “Little Boy” na cidade. Inicialmente escrita entre 1973 e 1985, a história conta com uma narrativa bastante eloquente e descritiva dos fatos que circundam a vida das famílias japonesas de pequena renda.
Além disso, na edição brasileira contamos, felizmente, com prefácio de Art Spiegelman (autor de “Maus”) que inicia o leitor, quando desabituado com mangás, como eu, na trajetória ao longo do primeiro volume e retoma alguns termos técnicos, além de suas próprias experiências com esta saga, que ajudam os leigos a melhor entenderem a amplitude do que está sendo contado na história que se segue.
Uma leitura encantadora e fugaz. Como um ótimo narrador, Keiji Nakazawa consegue nos transportar para Hiroshima nos anos de 1940, além de promover uma reflexão acerca da trajetória da guerra (neste caso da 2ª Guerra Mundial, mas esse pensamento pode facilmente abranger dezenas de guerras da História) e como ela afeta a população japonesa nas diversas classes sociais ali existentes. Tudo isso por meio do olhar inicialmente infantil de Gen, um dos filhos da família Nakaoka, dotado de uma bondade e carisma que nos conquista durante o desenrolar da narrativa.
Li apenas o volume um da série e as impressões são extremamente positivas, até mesmo a mudança da coloração do desenho de RBG para B/W facilita a leitura, tornando-a mais limpa e, consequentemente, instintiva. É um ótimo mangá para jovens e adultos, e acredito que, principalmente para a faixa entre 13-17, seja libertador, intelectualmente falando, devido à onda presente de quadrinhos que acabam por aludir a um espirito um tanto quanto estadunidense.
Esse mangá revela uma face palpável da guerra, na qual o leitor pode se identificar, por meio do autoritarismo militar, da repressão social e até da tragédia familiar. Esse fenômeno cria uma empatia com os personagens da família Nakoaka e antipatia com os antagonistas da história, dando ao caminhar do mangá cada vez mais fluidez.
Recomento muitíssimo.
Boa Leitura!
Por Mainna Souza
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