Quem, em sua bela infância, ao assistir uma TV Globinho ou um Bom Dia e Cia. (Disney Club / C.R.U.J. para quem estudava de manhã), ou mesmo Xuxa Park e Programa da Eliana para os mais idosos, assistindo suas animações preferidas (desenhos ou filminhos para alguns), não se flagrou pensando “eu nunca vou deixar de assistir desenho animado… NUNCA!”?
O tempo foi passando, você foi crescendo e tentando fazer valer sua antiga promessa, mas as animações foram ficando cada vez mais bizarras e escrotas (principalmente na era pós Bob Esponja) e você foi descobrindo as séries mais adultas e a pornografia e acabou por deixar um pouco de lado seu velho sonho. Mas lá no fundo ainda existe um Doug Funny e uma Carmen Sandiego gritando a plenos pulmões por sua criança interior. E foi pensando nisso que eu descobri
Gravity Falls.
Gravity Falls é uma animação bem simples aos moldes dos desenhos animados das décadas de 80 e 90, mas ao mesmo tempo trás características das animações atuais (afinal, o que não é bizarro nos anos 2010?). O enredo trás a história dos irmãos gêmeos Dipper e Mabel Pines (a personagem de animação mais carismática desde Bob e seu fantástico mundo) que vão, contra sua vontade, passar as férias com seu tio avô Stan que é dono da “Cabana do Mistério”, uma espécie de museu e loja de artigos bizarros e coisas monstruosas, na cidade de Gravity Falls no estado americano do Oregon. O problema é que além das aberrações da loja do tio a cidade guarda segredos monstruosos reais, o que gera alguns pequenos problemas para os protagonistas. Além das três personagens principais a população da cidade é cheia de personalidades engraçadíssimas, sem contar os dois funcionários da loja do tio Stan: Wendy e Soos.
O legal é que os episódios são ligados uns aos outros, dando um seguimento melhor à história, ou seja, coisas que acontecem nos episódios passados podem influenciar eventos futuros, assim, um vilão derrotado aqui pode voltar para se vingar depois. Gravity Falls é ótimo para os nostálgicos e para o público novato, e digo mais, a volta deste tipo de animação pode ser a salvação das nossas crianças.
Gravity Falls passa no Disney Channel, mas para quem, como eu, não tem nem precisa de TV por assinatura, é bem facinho de baixar. Dá uma olhada na abertura.
Apesar de todos os problemas da vida de adulto assista animações, vá ao cinema ver longas animados (a Pixar e a Dreamworks tem acertado mais do que errado), leia gibis, baixe um emulador de Super NES e jogue Rock n Roll Racing, afinal isso não é uma tentativa de salvar sua criança interior, mas é sua criança interior tentando salvar seu adulto exterior.
Cineasta e Historiador. Membro da ACECCINE (Associação Cearense de Críticos de Cinema). É viciado em listas, roer as unhas e em assistir mais filmes e séries do que parece ser possível. Tem mais projetos do que tem tempo para concretizá-los. Não curte filmes de dança, mas ama Dirty Dancing. Apaixonado por faroestes, filmes de gângster e distopias.