O Voo

O Voo é um filme sobre alcoolismo.
E talvez tenha sido o filme mais sério dirigido por Robert Zemeckis.
Para quem viu o trailer do filme, a imagem que pode ser interpretada é a de uma história de ação divertida sobre um piloto, Whip Whitaker, que pousa um avião de cabeça para baixo e é possível até identificar que haverá um conflito envolvendo o dito piloto estar bêbado durante o pouso (e se você viu Cosmopolis sabe que jamais deve confiar em um trailer). Mas quando você vê o filme, percebe que se trata de algo muito diferente. O filme na verdade trata do vício do protagonista de uma forma bastante consciente, ou pelo menos com o máximo de seriedade que Zemeckis conseguiu. Muitas vezes o ritmo do filme parece arrastado e você não vê a hora de acontecer uma reviravolta que parece nunca chegar e o enredo travado não ajuda muito.
O diferencial mesmo vem com o sempre ótimo Denzel Washington. O fela da mãe não cansa de se superar e praticamente todos os créditos de sustentação do filme vão para ele. Bêbado, cansado, assustado, em recuperação e puto pra caralho, o cara simplesmente detona. Algumas expressões chegam a arrepiar. Don Cheadle aparece pouco, muito menos do que seu personagem deveria, afinal de contas o cara é o advogado que vai tentar inocentar o piloto. Bruce Greenwood como representante do sindicato dos pilotos e amigo pessoal de Whitaker se mostra bem melhor e essencial à trama. Kelly Reilly em toda sua linda ruivisse e verdes olhos não passa disso. Tudo bem que seu papel exige que ela seja apática e meio pra baixo, mas isso não quer dizer que ela não precisa servir pra quase nada no filme, além de um par romântico para o protagonista. E por último, mas não menos importante, o espalhafatoso John Goodman, que parece vir, desde O Grande Lebowski (The Big Lebowski, 1998) se especializando em papeis caricaturais (vide Argo). Não que isto seja de todo ruim, Goodman até que está se saindo muito bem nesta perigosa tarefa. Aqui ele aparece no início da película e some logo depois, nos fazendo achar que sua aparição foi gratuita, mas basta esperar mais uns 40 minutos pra perceber que….. foi quase isso.
No final das contas o filme dá sua lição, que inclusive é muito importante nesta época de carnaval:
SE FOR PILOTAR UM AVIÃO, NÃO BEBA.
Obs: uma das melhores sequências do filme se trata de um encontro aleatório nas escadas de um hospital.