Primeira coisa e já uma das mais interessantes sobre House of Cards, é que esta é a primeira produção inteiramente do Netflix, que, para quem não sabe, faz o serviço de disponibilizar (não de graça, claro) filmes e séries de TV pela internet através do sistema de streaming. E, ao contrário das chamadas webseries anteriores (como Mortal Kombat: Legacy ou The Confession, por exemplo), não foi nada barata de se fazer.
Para quem não é acostumado a séries “políticas”, como eu, vai demorar um pouco a se acostumar com o ritmo acelerado da série. E se você não conhece p* nenhuma do funcionamento da política dos Estados Unidos, de duas uma, ou você vai aprender pacarai ou vai se embananar todo.
Mas não se assuste, com o tempo você vai começando a compreender a magnitude desta série. Sim, porque é sem dúvida nenhuma uma série magnífica. E claramente não foi feita para ficar tentando ganhar audiência de gente “bobinha” que gosta de historinhas bonitinhas, onde o bem sempre vence (diga-se de passagem que a maior parte do público norte-americano é desse povo aí, vide a quantidade de séries bobinhas que vão sendo renovadas a cada ano e o meu desespero quando uma série inteligente é cancelada por baixa audiência), não estou dizendo que o Netflix não está querendo ganhar dinheiro, claro que está, mas ao mesmo tempo House of Cards está dizendo – “sim cara, você é foda e consegue compreender um enredo mais trabalhado e complexo”.
Pra encurtar, a trama se passa em Washington DC, a famigerada capital estadunidense, e trata de um político chamado Francis (Frank) Underwood que após ter dado corpo e alma na campanha presidencial de um dos candidatos ao cargo mais poderoso do mundo confiando na promessa de subir ao cargo de secretário de estado em uma possível vitória deste, sente-se um tanto quanto traído quando o esperado triunfo acontece e recolocam-no em seu antigo posto no congresso. A partir disso o homem passa a usar de toda forma de artifício possível, passando por cima de quem for preciso, para conseguir chegar onde deseja, e quem sabe, até mais além.
Primeira observação: Kevin Spacey está absolutamente putaquepariufilhadaputafodadocaralho no papel do frio, calculista e quase psicopata Frank Underwood. E as cenas em que quebra a barreira mística da ficção e fala diretamente com o espectador, são de dar um frio na espinha. Poucas vezes vi um ator caber tão bem em um papel de seriado televisivo (claro que Bryan Cranston é um destes). Além de Spacey, o elenco inteiro está de parabéns. Robin Wright como a misteriosa Claire Underwood, esposa do congressista, Michael Kelly como o assessor e braço direito de Frank e Kate Mara, um dos maiores destaques da série, como Zoe Barnes, uma jornalista iniciante que vê uma oportunidade enorme em sua frente quando começa a ter como contato direto na política o próprio Frank Underwood (obviamente que esta é uma relação que muito interessa ao último tanto quanto à baixinha Zoe).
Segunda observação: os dois primeiros episódios são dirigidos por, nada mais nada menos, do que David mutherfucker Fincher, diretor de Clube da Luta (Fight Club, 1999) e Se7en (1995) e toda a primeira temporada é supervisionada de perto pelo cineasta, o que em língua de cinéfilo quer dizer “começa a assistir saporra agora mesmo!”
A primeira temporada foi disponibilizada completa de uma só vez (são 13 episódios), então sinta-se a vontade para fazer sua maratona… ou não.
Cineasta e Historiador. Membro da ACECCINE (Associação Cearense de Críticos de Cinema). É viciado em listas, roer as unhas e em assistir mais filmes e séries do que parece ser possível. Tem mais projetos do que tem tempo para concretizá-los. Não curte filmes de dança, mas ama Dirty Dancing. Apaixonado por faroestes, filmes de gângster e distopias.